Ambiente é o Meio #118: Falta investimento em prevenção contra resíduos de petróleo no oceano

Para impedir desastres ambientais, como o vazamento de óleo ocorrido no litoral brasileiro em 2019, especialistas aconselham desenvolvimento de técnicas e ferramentas de remediação

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 06/03/2024 - Publicado há 2 meses     Atualizado: 15/03/2024 as 16:22
Ambiente é o meio - USP
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Ambiente é o Meio #118: Falta investimento em prevenção contra resíduos de petróleo no oceano
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No Ambiente é o Meio desta semana, Emanuelle Rabelo, professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), e Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), falam sobre os impactos ambientais e socioeconômicos do derramamento de resíduos de petróleo no litoral brasileiro, desastre ambiental que atingiu a costa brasileira em 2019. Conhecido pelas manchas de óleo que foram encontradas nas praias do Nordeste, o caso é considerado o maior desastre ambiental já registrado no litoral do País. 

Soares lembra que o derramamento se espalhou rapidamente por uma extensa área do litoral brasileiro, afetando principalmente o Nordeste, incluindo os estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia, além de ter atingido o Rio de Janeiro e o Espírito Santo em menor escala. Uma variedade de ambientes sensíveis, como recifes de corais, estuários, bancos de gramas marinhas e praias arenosas, foi atingida em cerca de 3 mil quilômetros de costa. “Os impactos, embora tenham sido vistos a curto prazo, vão se propagar por décadas”, aponta Emanuelle. 

Com atraso significativo dos governos para agir, segundo Soares, pesquisadores de diversas regiões do País e do exterior tomaram a frente para enfrentar o problema, com visitas às praias afetadas, mergulhos e dados de satélites para rastrear o movimento do óleo. Ainda de acordo com o pesquisador, foram coletados animais impactados, como tartarugas marinhas, para análises da presença da substância nos intestinos. Soares afirma que o impacto do óleo na vida marinha atingiu a realidade econômica de comunidades dependentes da pesca. 

Além disso, segundo a professora Emanuelle, houve consequências graves para a saúde humana e a economia, com pessoas envolvidas, incluindo pesquisadores e voluntários, expostas a substâncias tóxicas. Já as comunidades pesqueiras “perderam 80% da renda por conta da pesca que foi prejudicada”, afirma. 

Para os pesquisadores, a prevenção é fundamental e deve receber maior prioridade, incluindo investimentos em tecnologias para evitar vazamentos e acidentes. Para Emanuelle, “ter um plano de contingenciamento, ter ferramentas e apoio governamental”, além de apoio à pesquisa científica, para desenvolver técnicas de remediação e limpeza de ambientes contaminados, são medidas essenciais para garantir um futuro sustentável.


Ambiente é o Meio

Produção e Apresentação: Professores Marcelo Marini Pereira de Souza e José Marcelino de Resende Pinto, ambos professores da FFCLRP
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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