Ambiente é o Meio #103: Falta gestão hídrica para reduzir impacto das chuvas no Rio Grande do Sul

Para ecologista, a desvalorização dos comitês de bacias hidrográficas no Estado gaúcho impactou tragédias climáticas

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 04/10/2023 - Publicado há 7 meses
Ambiente é o meio - USP
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Ambiente é o Meio #103: Falta gestão hídrica para reduzir impacto das chuvas no Rio Grande do Sul
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O Ambiente é o Meio desta semana entrevista o engenheiro agrônomo e ecologista Arno Kayser, que desempenha o papel de fiscal ambiental na Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) e é membro do Movimento Roessler, organização ecológica localizada em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A conversa aborda as tragédias climáticas que afetaram o Rio Grande do Sul e a gestão de recursos hídricos na região.

Kayser iniciou seu trabalho na área na década de 1980 e também desempenhou papel importante no processo de criação do Comitesinos, que foi o primeiro comitê de bacia de um rio estadual no Brasil. O ecologista também participou da elaboração da legislação que rege o sistema de recursos hídricos do Rio Grande do Sul, que serviu de modelo para a lei nacional de 1997.

Apesar de pioneiro na criação de comitês para a gestão de recursos hídricos, afirma Kayser, o Rio Grande do Sul não progrediu nos cuidados com as bacias hidrográficas por questões políticas e mudanças governamentais. Estados como São Paulo e membros da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, avalia, estão mais avançados atualmente, pois “ainda que existam 25 comitês no Estado gaúcho eles funcionam de forma semelhante a ONGs”.

A gestão de águas no Estado gaúcho enfrentou grandes desafios nos últimos meses, com o clima alternando extremamente entre período de estiagem e enchentes. Fato que se deve às mudanças climáticas e o El Niño, afirma Kayser, com ciclones e chuvas intensas atingindo a região desde junho em volumes historicamente novos. 

Para o ecologista, a falta de uma política eficaz de gestão hídrica, incluindo a ausência de cobrança pelo uso da água, contribui para a situação, além do clima. O mau uso do solo, esclarece, como o crescimento desordenado e a ocupação urbana inadequada, geralmente por pessoas de baixa renda e em locais de risco, como várzeas, agrava os impactos, o que pede “planejamento integrado entre os municípios e comitês de bacia como ferramenta para abordar esses problemas”, enfatiza.

 


Ambiente é o Meio

Produção e Apresentação: Professores Marcelo Marini Pereira de Souza e José Marcelino de Resende Pinto, ambos professores da FFCLRP
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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