Escritor angolano Ondjaki faz palestra na USP

No dia 28, autor conversa sobre seus dois livros recém-lançados no Brasil, “Coisas Desalinhadas” e “Vou Mudar a Cozinha”

 24/08/2023 - Publicado há 8 meses
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O escritor angolano Ondjaki – Fotomontagem: Jornal da USP com imagens de Editora Pallas, Freepik e Wikimedia Commons

 

No próximo dia 28, segunda-feira, às 17 horas, o escritor angolano Ondjaki conversa sobre seus dois novos livros, Coisas Desalinhadas e Vou Mudar a Cozinha, em encontro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Além da conversa mediada pela pesquisadora Helena Wakim Moreno, doutora em História Social pela USP, Ondjaki fará uma sessão de autógrafos no evento organizado pelo Centro de Estudos Africanos (CEA) da FFLCH.

A pesquisadora Helena Wakim Moreno – Foto: Reprodução/LinkedIn

A pesquisadora Helena Moreno lembra que Angola e Brasil se relacionam literária e politicamente há muito tempo. “Desde o período colonial as trocas entre os dois territórios extrapolaram os laços comerciais”, explica. Os países possuem boas relações diplomáticas, diz ela, ao comentar que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, em 1975.

As relações literárias entre os dois países se tornaram regulares no fim do século 19, de acordo com Helena. “Além da circulação de revistas e jornais, obras de escritores brasileiros como Jorge Amado, Érico Veríssimo e João Guimarães Rosa foram particularmente lidas pela geração de escritores que se firmou em Angola no período após a independência”, afirma.

Para Helena, a circulação de obras angolanas no sistema literário brasileiro colabora para renovações estéticas e a apresentação de novas narrativas. “A leitura e a circulação dos escritores angolanos no Brasil têm o potencial de alargar os horizontes da imaginação, da comunicação e das percepções de mundo”, defende a pesquisadora.

Os novos livros de Ondjaki tocam em temas comuns de sua literatura: a infância e a memória. Coisas Desalinhadas parte do ponto de vista infantil para olhar e sentir o cotidiano de uma vida comum. Já Vou Mudar a Cozinha reúne seis contos que se passam entre Brasil, Sérvia, Macau e Luanda. Em todos há a presença marcante da lembrança e da fragilidade humana. O conto Menina no Caminho é dedicado ao escritor brasileiro Raduan Nassar. Helena relembra que Ondjaki costuma destacar a poesia de Manoel de Barros como importante em seu percurso literário.

Cartaz do evento – Foto: Reprodução/FFLCH

O autor foi vencedor do Prêmio José Saramago, em 2013, por sua obra Os Transparentes. Luanda, a cidade natal de Ondjaki, é onde a história das personagens se desenrola. Ecos desse conflito e das realidades política e social do país aparecem nas obras de Ondjaki. Em entrevista ao programa televisivo Roda Viva, em 2007, ele afirmou que se aproximar da realidade performática angolana é uma das formas de fazer boa ficção.

Traços autobiográficos também estão presentes em Avó Dezanove e o Segredo do Soviético, pelo qual o escritor venceu o Prêmio Jabuti, em 2010. “O intuito do evento é tratar do percurso artístico e literário de Ondjaki, uma vez que, além de escritor, ele também conta com um percurso no meio audiovisual”, diz Helena. Em 2021, o autor lançou o curta Vou Mudar a Cozinha, baseado no conto que dá título ao livro recém-lançado. O teatro e a pintura também fazem parte da trajetória do autor.

O autor nasceu dois anos após a independência de Angola, em 1977, quando a guerra civil angolana estava em curso. O nome Ondjaki significa “guerreiro” em umbundu, uma das línguas faladas em Angola. O pseudônimo não foi completamente inventado pelo autor: inicialmente seu nome seria Ondjaki, mas quando seus pais foram registrá-lo, optaram por Ndalu de Almeida. Mais tarde, o autor recuperou o nome e passou a se identificar por ele.

O evento Encontro com Ondjaki: uma conversa com Angola acontece no dia 28 de agosto, segunda-feira, às 17 horas, no Auditório 14 do prédio de Filosofia e Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP (Avenida Professor Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária, São Paulo). Entrada gratuita. Haverá transmissão ao vivo pelo canal da FFLCH na plataforma Youtube. Mais informações estão disponíveis no site da FFLCH.


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