O avanço da USP

Editorial do jornal “O Estado de S. Paulo” destaca posição alcançada pela USP no ranking dos países emergentes, publicado pela consultoria Times Higher Education

 18/03/2021 - Publicado há 4 anos
Arte sobre foto de George Campos

 

Maior e mais importante instituição de ensino superior do País, a Universidade de São Paulo (USP) continua se saindo bem nos rankings comparativos internacionais. O último levantamento revela que a instituição ficou na 13ª posição entre as universidades das economias emergentes. Em relação à edição de 2020, ela subiu um ponto no ranking.

A pesquisa foi feita pela conceituada consultoria britânica Times Higher Education, que avaliou as 606 melhores instituições de 48 países. Como nas últimas edições desse levantamento, as melhores colocações foram mais uma vez ocupadas por universidades chinesas. Das dez primeiras do ranking, sete pertencem à China, lideradas pelas Universidades de Tsinghua (1.ª colocada), Beijing (2.ª) e Zhejiang (3.ª). As três instituições restantes foram a Universidade de Moscou, na Rússia, a Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e a Universidade Nacional de Taiwan. Do total de universidades avaliadas, 52 são brasileiras.

Além da USP, as mais bem colocadas foram a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ficou em 48.º lugar, e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em 84.º. Os números também mostraram que a USP continua sendo considerada a melhor instituição de ensino superior de toda a América Latina. O levantamento da Times Higher Education avaliou universidades do México, do Chile, da Colômbia e do Peru e as que mais se destacaram foram a Pontifícia Universidade Católica do Chile, na 53.ª posição, seguida por duas outras instituições chilenas, a Universidade do Desenvolvimento e a Universidade Diego Portales, que ficaram empatadas na 90.ª posição, e pela Pontifícia Universidade Javeriana, da Colômbia, na 94.ª. Além dessa pesquisa, outra consultoria – a Quacquarelli Symonds – divulgou recentemente um estudo por área do conhecimento, mostrando que alguns cursos da USP – como Odontologia, Engenharia de Petróleo, Minas e de Estruturas, Direito, Geografia e Agricultura – estão entre os 50 melhores de todo o mundo.

A USP melhorou sua posição no ranking das universidades das economias emergentes

O ranking das universidades das economias emergentes é elaborado com base em 13 indicadores de desempenho utilizados pela consultoria britânica em suas avaliações mundiais, mas adaptados para refletir características e prioridades dos países em desenvolvimento. Esses indicadores envolvem cinco categorias – ambiente de ensino, inovação, internacionalização, investimento em pesquisa e a influência que os trabalhos acadêmicos exercem na comunidade acadêmica internacional, por meio de citações.

Com base nesses indicadores, o ranking evidenciou o sucesso da política adotada pela China nas últimas décadas, com o objetivo de passar de mera fabricante de produtos baratos e com baixa tecnologia para disputar com os Estados Unidos e a Europa o mercado mundial de produtos e serviços complexos e com alta tecnologia. Um dos fatores desse sucesso foram os investimentos em capital humano, por meio de um processo de expansão de um ensino superior de alta qualidade. No fim da década de 1970, a China tinha 990 mil alunos matriculados em cursos de graduação – na primeira metade da década de 2010, eram mais de 30 milhões. No mesmo período, o país pulou de 165 mil alunos de pós-graduação para mais de 13 milhões, em 2014. Entre 1978 e 2019, a participação chinesa nas exportações mundiais passou de 1,1% para 13,5%. Quanto mais investiu no ensino superior, mais a China cresceu em inovação científica e pedidos de registro de patentes.

A colocação nos rankings comparativos de qualidade representa um círculo virtuoso para as boas universidades. Quanto mais se destacam, mais as fontes de financiamento passam a acolher seus projetos de pesquisa, o que aumenta sua reputação acadêmica internacional e atrai pesquisadores de ponta, permitindo-lhes assim captar ainda mais recursos para sua expansão. É isso que vem ocorrendo com as universidades chinesas e com a USP.

(Editorial publicado na coluna Notas & Informações, do jornal O Estado de S. Paulo, em 18/03/2021)


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