A Universidade de São Paulo (USP), consternada, expressa sua plena solidariedade aos familiares e amigos de Bruno Pereira, indigenista brasileiro e servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e Dom Phillips, jornalista inglês e correspondente do jornal britânico The Guardian no Brasil, assassinados covardemente no Vale do Javari (AM).
Bruno e Dom viajavam a trabalho, conduzindo pesquisas sobre os conflitos na região. O propósito de ambos era conhecer e proteger povos indefesos, culturas ameaçadas e a própria floresta, hoje sob ataques inomináveis de toda espécie vindos de organizações criminosas. Dom Phillips preparava um livro para nos ajudar a salvar a Amazônia.
A morte desses dois grandes homens não é fato isolado. Nosso país tem figurado entre os mais perigosos para defensores de direitos humanos, conforme levantamentos realizados pelo Human Rights Watch e pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse flagelo inspirou e motivou a assinatura do Acordo de Escazú, primeiro tratado ambiental da América Latina e do Caribe que busca promover os direitos de acesso à informação, à participação e à justiça em questões ambientais, ainda não ratificado pelo Brasil.
A USP se declara atingida e ferida com a brutalidade que ceifou a vida de Dom e de Bruno. É função social da Universidade, além da formação de profissionais e cientistas, contribuir para termos cidadãos comprometidos com o equilíbrio socioambiental do planeta.
Por isso, a Universidade vem a público para se solidarizar com os familiares e amigos desses dois seres humanos que nos engrandeceram, para lhes honrar a memória e o legado e para clamar pelo fim do império do crime sobre a Amazônia. A USP quer Justiça. A USP exige a identificação e a punição dos mandantes.
Pela ciência e pelo respeito à vida, nós venceremos.
Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, e Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da USP.