O movimento Parent In Science (Mães e Pais na Ciência) abriu inscrições para a terceira edição do programa Amanhã, que incentiva estudantes que são mães a concluírem o ensino superior. Nesta edição do programa, serão contempladas com auxílio financeiro de R$ 800 mensais estudantes mães matriculadas em cursos de graduação, cuja previsão de conclusão seja entre novembro de 2023 e julho de 2024. A duração do auxílio é de até 12 meses e o programa também oferecerá oficinas e encontros de mentoria às estudantes selecionadas. As inscrições vão até 31 de maio e podem ser feitas pelo site do programa Amanhã.
O Parent In Science é um movimento muito importante para a pós-graduação e, desde o ano passado, tem procurado promover a permanência estudantil também na graduação. Congrega embaixadoras e embaixadores em universidades de todo o Brasil. A USP tem três pesquisadoras que atuam como embaixadoras. O Jornal da USP contou as histórias dessas três mães cientistas em 2021, quando o grupo lançou a primeira edição do programa Amanhã.
Na edição deste ano, o processo seletivo irá considerar como critérios de classificação das candidatas a renda familiar, o número de dependentes e o engajamento prévio em ações, projetos, atividades, coletivos ou grupos com foco no aumento da inclusão e diversidade nos espaços acadêmicos. Serão priorizadas na seleção mães solo, mães negras ou indígenas e mães de filhos com deficiência ou doenças crônicas. Os resultados serão divulgados até julho e os auxílios começarão a ser depositados em agosto.
Um levantamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgado em 2020 apontou que um em cada dez estudantes de graduação no Brasil tem filhos. Segundo o movimento Parent in Science, dentro desse universo de estudantes de graduação com filhos, cerca de 65,5% dependem de auxílio da família para se dedicar aos estudos, sendo que apenas 5,2% contam com creches e redes de apoio na universidade onde estudam.
A necessidade de apoiar financeiramente mães estudantes para que concluam seus estudos ficou ainda mais evidente a partir da emergência sanitária causada pela pandemia de covid-19. Naquele contexto, o Parent In Science passou a colocar em debate os desafios e consequências de quem concilia a maternidade e a ciência no Brasil. O grupo também foi pioneiro no levantamento de dados para avaliar as consequências da chegada dos filhos na carreira de mulheres e homens cientistas, em diferentes etapas da vida acadêmica, bem como por lançar a hashtag #maternidadenolattes incentivando mulheres a descreverem o período de licença no currículo profissional da plataforma CNPQ.
O movimento lançou o programa Amanhã em 2021 motivado pelos dados de um estudo junto a 10 mil estudantes de pós-graduação de todo o Brasil durante a fase mais aguda da pandemia. Segundo o estudo, menos de 10% das alunas que eram mães estavam conseguindo seguir normalmente com o desenvolvimento de suas dissertações e teses durante o período, em contraste com 20% dos pais e cerca de 35% dos homens e mulheres sem filhos. A primeira edição do programa procurou oferecer algum apoio à demanda desse público de mães na pós-graduação.
Já a segunda edição, realizada em 2022, focou nas necessidades de alunas de graduação que são mães e estavam envolvidas em estágios de iniciação científica voluntariamente. Foram oferecidas 13 bolsas de iniciação científica, cuja vigência se encerra nos próximos meses. Os recursos para o pagamento dos auxílios são provenientes de doações e de um investimento de R$ 42 mil do próprio movimento, oriundos de um prêmio concedido pela revista Nature, recebido em 2021.
O Parents in Science segue em busca contribuições financeiras. Doações ao Programa Amanhã podem ser feitas pela assinatura da Rede APOIE, através de Pix (chave: parentinscience@gmail.com) ou da Vakinha online.
Inscrições e mais informações: pelo site do Programa Amanhã ou pelo e-mail amanha.parentinscience@gmail.com