No mês da mobilização da luta contra a aids, o Dezembro Vermelho, o Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) da USP vai promover no dia 4 de dezembro a segunda edição do festival Fazendo Arte com Prevenção. O evento tem como objetivo conscientizar jovens sobre a importância da saúde e prevenção sexual. Para isso, convida a comunidade universitária, alunos e professores do ensino médio e artistas periféricos a expor trabalhos artísticos usando materiais de prevenção. A iniciativa será realizada a partir das 12 horas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP. As inscrições devem ser feitas até o dia 3 de dezembro neste link.
O festival é coordenado pela professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP Vera Paiva, fundadora do Nepaids e integrante da Rede de Pesquisa Solidária Covid-19, e Luis Galeão, professor de Psicologia Social do IP. De acordo com os coordenadores, a retomada do evento é reflexo de um aumento no número de casos de aids e ISTs entre jovens.
“Na mesma interação pessoal e, especialmente, sexual você pode pegar covid. Se tiver interação sexual, pode pegar todas as ISTs, mas o que nos preocupa brutalmente é a sífilis, que é explosiva entre a juventude, apesar de tudo que construímos nos últimos 30 anos de acesso à vários tipos de prevenção.” Diante desse cenário, Galeão enfatiza que o evento segue com a proposta de “fazer a associação da prevenção com o prazer. A arte é muito importante nesse sentido. A gente quer que as pessoas vejam obras de arte e tragam essa perspectiva artística na hora da prevenção para que a gente tenha possibilidade de diminuir esses números novamente”.
As obras de arte produzidas precisam seguir os temas da Promoção da Saúde e Direitos Sexuais, a Prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), da Gravidez e da Covid-19. Os projetos devem usar insumos de prevenção, como camisinhas, contraceptivos, vacinas, máscaras e muitos outros. A arte pode ser feita em formatos variados: música, dança, performance teatral, literatura (poesia e slam), artes visuais (pintura, escultura e desenho), audiovisual, culinária e moda. Para participar, em grupo de até 4 pessoas ou individualmente, as inscrições devem ser feitas até domingo, 1º de dezembro. Os projetos inscritos serão avaliados no dia 4, com premiação das melhores obras artísticas.
As melhores produções vão concorrer à ingressos para o Lollapalooza; ingressos para o show do Gilberto Gil; kits da marca de preservativos Olla; vales sex shop; almoços no restaurante Beneditta; entradas para o filme Ainda Estou Aqui, para Casa de Show Bona e para o Masp; viagem de ecoturismo e assinaturas de um ano da Folha de S.Paulo.
No evento, haverá a distribuição de preservativos externos e internos, lubrificantes e realização de testagem rápida de HIV, com oferecimento das medicações PEP, para casos de exposição ao HIV, e PrEP, como forma de prevenção, mediante testagem e aconselhamento médico. O festival é aberto ao público e mesmo aqueles que não forem exibir projetos artísticos poderão assistir às apresentações.
Desde 1992
O concurso é parte do projeto Embaixadoras/es/is da Prevenção: A Perspectiva de Jovens Sobre Sexualidade e Prevenção, feito pela USP com apoio da Pró-Reitoria de Graduação, do Instituto de Psicologia (IP) da USP e do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo. A primeira edição do evento aconteceu em 1992 para conscientizar sobre o uso de camisinha por meio da expressão artística. A ideia surgiu a partir do trabalho de pesquisa interativa com jovens da periferia. Em sua retomada, a nova edição pretende sensibilizar o público para as formas de prevenção por meio da arte. O festival também é uma atividade de encerramento do projeto temático da Fapesp Vulnerabilidades de jovens às IST/HIV e à violência entre parceiros: avaliação de intervenções psicossociais baseadas nos direitos humanos, coordenado pela professora Vera.
“Queremos que as pessoas lembrem e pensem no Dia Mundial da Aids a partir das artes. Nosso objetivo é sensibilizar, falando de prazer com leveza. Embora os dados sejam assustadores, assustar não mobiliza as pessoas para agir. O que mobiliza é conhecer o insumo de prevenção, manipular o insumo e ter acesso imediato”, destaca Vera
Mais informações: @direitossexuaisUSP