A evolução social das abelhas nos genes

Um grupo de cientistas investigou o genoma de dez espécies diferentes de abelhas, e encontrou na complexidade das redes genéticas uma pista para explicar a evolução da socialidade. 

 21/11/2017 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 30/03/2020 as 17:25
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Que marcas a evolução das espécies de abelhas – rumo a organizações sociais mais complexas – deixou no genoma delas? Comparando o genoma de dez espécies de abelhas, um grupo internacional de pesquisadores encontrou na complexidade das redes genéticas uma pista para explicar a evolução da socialidade.

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A pergunta intrigou um grupo internacional de cientistas, inclusive pesquisadores da USP em Ribeirão Preto, que se organizaram (como abelhinhas operosas) para responder. Uma parte da resposta pode parecer surpreendente: a diferença não está nos genes. Está, sim, na riqueza de conexões entre eles. Uma outra contribuição do trabalho é a constatação de que a evolução social das abelhas rumo a um comportamento mais social se deu de maneira independente, utilizando mecanismos genéticos diversos. Ou seja: ao longo da evolução do gênero das abelhas, a chamada socialidade apareceu, desapareceu e apareceu de novo várias vezes.

Organização Social das Abelhas

Através de uma imensa análise genômica, o grupo de Ribeirão Preto analisou 10 diferentes espécies de abelhas de diferentes tipos sociais. Entre os resultados, a publicação aponta que quanto mais sociais, mais sítios nas regiões regulatórias para fatores de transcrição há no DNA. “Os genes são os mesmos (nas dez abelhas), mas o nível regulatório do genoma é maior”, conta Klaus Hartfelder, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, um dos autores do estudo. É a primeira vez que um estudo demonstra a relação dessas regiões regulatórias e o grau de socialização dos insetos.

Comportamento solitário e social

A organização social das abelhas é fascinante, além de um experimento pronto da natureza. Diversos estudiosos já descreveram como se dá sua socialidade, que envolve diferentes castas e funções dentro da colmeia. No entanto, genomicamente nada difere uma abelha operária de uma abelha rainha. Essa capacidade de formar dois fenótipos diferentes depende de dos genes expressos, a partir da alimentação.
Zilá Simões, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, também co-autora do artigo, conta como essa evolução também pode ser observada bioquimicamente na própria abelha, ao longo da idade. “Esse caminho pela idade ou pelo amadurecimento da abelha traz mensagens interessantes, por exemplo, em seus genes”, comenta mencionando o exemplo do relógio biológico – cujos genes só ciclam em abelhas mais velhas, que têm funções fora da colmeia.

 

Produção: Núcleo de Divulgação Científica
Reportagem: Fabiana Mariz e Tabita Said. Edição: Lucca Chiavone, Isabela Yoshimura e Tabita Said.
Ilustração: Daniel Hebling.


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