“Série Energia”: Transição energética impõe necessidade de reformas nos cursos de engenharia

A inovação tecnológica, no que diz respeito às energias renováveis como solar e eólica, ao armazenamento de energia e às redes inteligentes, deve se tornar uma parte integrante dos currículos

 08/03/2024 - Publicado há 2 meses
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Alunos de curso de engenharia visitam obra. Transição energética deve remodelar grade curricular – Foto: Flickr
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No atual cenário de mudanças climáticas e esgotamento dos recursos naturais, a transição para sistemas energéticos sustentáveis surge como uma das maiores necessidades globais. Este contexto coloca em destaque a importância da integração do estudo da transição energética nos cursos de engenharia, um tema que se tornou central na formação dos engenheiros do futuro. É preciso entender como a formação acadêmica na área deve se adaptar para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades apresentadas por esse imperativo global.

A transição energética, que envolve a mudança do paradigma energético de fontes fósseis para um modelo mais sustentável e renovável, não é apenas uma questão tecnológica. Ela engloba inovações, políticas públicas, considerações econômicas e, crucialmente, um componente educacional significativo. Os cursos de engenharia, assim, desempenham um papel vital na preparação dos futuros profissionais que liderarão essa transformação, necessitando incorporar uma visão ampla que abrange desde as tecnologias de energia renovável até as estratégias de sustentabilidade e eficiência energética.

A educação em engenharia deve, portanto, passar por uma transformação, adotando uma abordagem mais multidisciplinar. Isso implica na combinação de conhecimentos técnicos com ciências ambientais, gestão de projetos, economia e políticas públicas. A inovação tecnológica, particularmente no que diz respeito a energias renováveis como solar e eólica, armazenamento de energia e redes inteligentes, deve se tornar uma parte integrante dos currículos. Além disso, a inclusão de projetos práticos, estudos de caso e a cooperação com a indústria energética devem ser práticas cada vez mais comuns, visando a enriquecer a formação dos estudantes com experiências reais e prepará-los para os desafios do mercado de trabalho.

Além disso, o relatório Relatório Anual referente a Empregos em Energia Renovável de 2023 da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) destaca que o setor de energias renováveis empregava cerca de 13,7 milhões de pessoas globalmente em 2022, com um aumento de 1 milhão de postos de trabalho em relação à 2021. Isso indica um mercado de trabalho crescente e a necessidade de engenheiros com habilidades específicas em sustentabilidade e tecnologias renováveis.

Outro ponto relevante é que para garantir que a transição energética seja não apenas eficaz, mas também justa, é fundamental a atualização e capacitação dos profissionais atualmente empregados no setor energético tradicional. Essa estratégia assegura que os trabalhadores possam manter suas ocupações e contribuir ativamente com a transição para sistemas energéticos sustentáveis. Este processo envolve oferecer formação e requalificação em novas tecnologias, como energia solar, eólica, armazenamento de energia e gestão de redes inteligentes. 

Além disso, é essencial promover a compreensão das práticas de sustentabilidade e eficiência energética. A transição justa pressupõe a criação de oportunidades equitativas no novo paradigma energético, minimizando as disparidades e garantindo que ninguém seja deixado para trás.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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