Pesquisadores da USP criam gibi para conscientizar a população sobre uso correto de antibióticos

A iniciativa de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto faz parte de campanha da Organização Mundial da Saúde para chamar a atenção de toda a população para o uso correto de antimicrobianos, entre eles os antibióticos

 24/11/2022 - Publicado há 1 ano
Gibi orienta sobre uso de antibióticos – Foto: Reprodução/FCFRP

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A resistência a antimicrobianos, entre eles os antibióticos, que tratam infecções causadas por bactérias, pode levar a um déficit do PIB de 3,4 milhões por ano e empurrar mais de 24 milhões de pessoas para a pobreza extrema, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2019, quase 5 milhões de mortes humanas em todo o mundo foram associadas à resistência bacteriana, das quais 1,3 milhão foram diretamente atribuíveis à resistência a antibióticos. 

Para mudar esse cenário, a OMS celebra, anualmente, a Semana Mundial de Conscientização do Uso de Antimicrobianos, que termina neste 24 de novembro. O objetivo é conscientizar e chamar a atenção de toda a população para o uso correto dos antimicrobianos, a fim de evitar o surgimento e disseminação de microrganismos resistentes.  

Também preocupados com este cenário e para contribuir com a campanha da OMS, professores e pós-graduandos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP criaram uma revista em quadrinhos sobre o tema Bactérias e Antibióticos: a importância na saúde e na doença

“Os antimicrobianos são os remédios utilizados no tratamento de infecções em humanos, animais e plantas, mas estão se tornando ineficazes, principalmente devido ao uso indiscriminado e/ou errado desses medicamentos e ao surgimento de microrganismos resistentes. Por isso, elaboramos um material digital, tipo gibi, em linguagem simples e direta sobre o tema para atender toda a população, em especial àquela que não é profissional da saúde”, conta Leonardo Neves de Andrade, coordenador do projeto e professor da FCFRP. 

Foto: Reprodução FCFRP

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No material, diz o professor, foi utilizada uma abordagem atual, simulando a narrativa de uma
live na qual o professor apresenta e discute o tema, com termos mais populares sobre todo o contexto que envolve bactérias e antibióticos, como, por exemplo, o que são bactérias e a diferença para outros microrganismos, como vírus, fungos, parasitas; microbiota da boca, do intestino e da pele; infecções/doenças bacterianas mais comuns na comunidade, como infecção de garganta, infecção de urina e meningite; o que é antibiótico, como e quando deve ser usado, e a diferença para outros remédios, principalmente para o anti-inflamatório. “Também, neste cenário, foram abordadas estratégias de prevenção e controle de doenças bacterianas, como lavagens das mãos e etiqueta ao espirrar/tossir”, diz Andrade. 

O professor ainda alerta que as infecções causadas por bactérias são a segunda principal causa de morte no mundo, e a resistência bacteriana aos antibióticos contribui sobremaneira para este cenário. “Segundo dados da OMS, o desenvolvimento de um novo antibiótico pode levar de 10 a 15 anos e custar mais de US$ 1 bilhão, portanto,  algumas iniciativas podem contribuir para mudar essa situação, salvar vidas e reduzir os custos de saúde.” 

Informações importantes destacadas na campanha da OMS:

  • Manter os animais saudáveis ​​é uma medida importante para reduzir a necessidade de tratamento antimicrobiano;
  • Ao preparar alimentos, lavar as mãos antes de cozinhar e manter as áreas de preparação limpas podem ajudar a prevenir a propagação de micróbios resistentes a medicamentos;
  • A poluição induzida pelo homem agrava a resistência a antimicrobianos no meio ambiente. O tratamento de fluxos de resíduos de origem municipal, agrícola e industrial são medidas preventivas importantes;
  • O acesso à água potável, saneamento e higiene em residências e unidades de saúde pode reduzir em até 60% a necessidade de antibióticos para tratar a diarreia.

Além do professor Andrade, participaram da elaboração do gibi as pós-graduandas Nathália de Lima Martins Abichabki e Luísa Vieira Zacharias. A revisão é da professora Ana Lúcia da Costa Darini, todos da FCFRP. Colaboraram com a obra o Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas (DACTB), Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx), Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia (PPG-BBio), Liga Acadêmica de Microbiologia (Limicro) e Laboratório de Pesquisa em Resistência e Virulência Bacteriana (LabReVi), da FCFRP. O material tem apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP.

Para baixar os quadrinhos clique aqui.


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