Transporte marítimo seguro é vital para a ampliação do comércio mundial

Incidentes como o ocorrido no Canal de Suez, recentemente, são possíveis de serem prevenidos, segundo o professor André Bergstein

 07/04/2021 - Publicado há 4 anos
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Os contêineres empilhados formaram uma área suscetível à incidência de ventos causadores de um deslocamento lateral – Foto: APPA – Fotos Públicas

 

Cerca de 80% de tudo que se comercializa no mundo é transportado por vias marítimas. Por isso, a segurança durante os traslados é fundamental: os riscos vão desde acidentes em navios cargueiros de petróleo — com sérios riscos ambientais — ou em embarcações de cargas gerais, como o recente encalhe no Canal de Suez. Foram seis dias de bloqueio que causaram prejuízos na casa dos bilhões de dólares.

O professor André Bergstein, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, diz ter sido uma “situação muito particular de embarcação com transporte de contêineres, sujeita a uma área bélica muito grande”. Os contêineres empilhados formaram uma área suscetível à incidência de ventos causadores de um deslocamento lateral, o que acabou bloqueando um dos principais canais de transporte marítimo do mundo, que recebe apenas cargueiros limitados à classe SuezMax.

Evitando acidentes

Bergstein cita consequências como a interrupção do tráfego marítimo, possíveis rupturas de cadeias de suprimento, instabilidade gerada no setor e a necessidade de uma rota alternativa que envolva contornar toda a costa africana — um percurso de mais 7.000 km que aumenta o custo diário dos navios e também aquele associado à carga.

“Esses acidentes são possíveis de serem prevenidos. Para isso existe, na verdade, a legislação internacional, para tentar coibir e evitar esse tipo de situação”, diz, em referência à Organização Marítima Internacional (IMO) e às sociedades classificadoras, empresas que trabalham na construção dos navios.

O professor relembra, também, o acidente do navio Exxon Valdez, em 1989, no Alasca, quando um alto vazamento de petróleo acelerou os processos de mudança das normas da IMO. Desde então, todas as embarcações petroleiras obrigatoriamente passaram a ter o chamado “duplo casco”. “[Foi] uma forma de lidar com um aspecto do acidente e tentar evitar que isso se repetisse. O derramamento de petróleo causou um dano ambiental muito forte.”


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