Novo método pode facilitar e diminuir custos do diagnóstico de superbactérias

O método consiste na utilização de aptâmeros, que são moléculas de DNA e RNA que se ligam a alvos específicos, funcionando como um “guia” no diagnóstico e tratamento das enfermidades causadas pelas superbactérias

 11/08/2022 - Publicado há 2 anos
A evolução faz com que as bactérias estejam sempre se adaptando e adquirindo novos mecanismos de resistência – Foto: Imagem pixabay – Fotomontagem Jornal da USP
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“A resistência das superbactérias é uma preocupação mundial”, diz Mariana Farrel Côrtes, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina da USP, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, aludindo ao desenvolvimento de pesquisa que pode facilitar o diagnóstico delas e que envolve moléculas chamadas aptâmeros, num trabalho que está se revelando um potencial aliado em termos de otimização do custo e benefício das técnicas já existentes.

A resistência das superbactérias em relação a todos – ou quase todos – os antibióticos dificulta muito o tratamento das infecções causadas por elas, deixando os clínicos sem escolha para poder tratar as pessoas infectadas.  A pesquisadora explica que existe um grupo de bactérias mais frequente em infecções e mais resistente, por causa da possibilidade de troca: “Se as bactérias estão em um mesmo ambiente, elas podem receber o mecanismo de resistência de uma outra bactéria”. Esses mecanismos de resistência são motivados por fatores genéticos.

Esses fatores, em conjunto com certa morosidade no descobrimento de novos antibióticos, foram determinantes na pesquisa. Mariana destaca que “a evolução faz com que as bactérias estejam sempre se adaptando e adquirindo novos mecanismos de resistência”. Por isso, a linha de pesquisa acabou sendo pautada na utilização de aptâmeros, que são moléculas de DNA e RNA que se ligam a alvos específicos, funcionando como um “guia”. 

Metodologia escolhida

Mariana Farrel Côrtes – Foto: ResearchGate

Os chamados “anticorpos químicos”, objeto de estudo da pesquisa, são desenvolvidos a partir desses aptâmeros, uma vez que as moléculas de DNA e RNA podem ser utilizadas tanto no diagnóstico de superbactérias quanto no tratamento decorrente. O processo envolve a seleção e identificação do aptâmero a ser utilizado, para a posterior verificação do local em que a molécula se liga nas células a serem diagnosticadas. Mariana explica que, dependendo da ligação feita, se a molécula inativa uma função vital ou mesmo uma bactéria e o fator de virulência dela, o aptâmero pode ser utilizado no tratamento de enfermidades causadas por elas. 

As pesquisas prévias sobre o assunto resultaram na união de diferentes projetos e metodologias existentes na literatura, para a elaboração de uma linha de pesquisa menos custosa: “Essa nossa técnica é bem mais barata do que a maioria dos métodos convencionais e funcionou para identificar o primeiro aptâmero”, adiciona a pesquisadora. 

Ao final, ela destaca que são poucos os trabalhos em desenvolvimento nesse campo de pesquisa. Muitos são os estudos que dizem respeito ao câncer, e, justamente por isso, o estudo desenvolvido é caminho para o levantamento de dados e informações sobre as superbactérias e o combate a elas. 


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