Guerra civil na Síria completa dez anos de sofrimento e destruição

De acordo com Arlene Clemesha, há bolsões de conflito espalhados pela Síria e apoio internacional para militarizar o governo de Bashar al-Assad, impedindo qualquer possibilidade de reestruturação

 18/05/2021 - Publicado há 3 anos
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A guerra civil na Síria teve graves consequências para o país e sua população em termos de destruição – Foto: UNRWA via Fotos Públicas

Neste ano, a guerra civil na Síria completa dez anos. A repressão do regime de Bashar al-Assad contra grupos considerados rebeldes foi responsável pela destruição material e econômica daquele país, causando a evasão de parte da população. Ao todo, os refugiados sírios somam mais de 6 milhões em todo o mundo. No Brasil, essa população é de cerca de quase 4 mil pessoas, informam dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) divulgados pelo jornal DW. Atualmente, o ditador sírio planeja sua reeleição em meio a acusações de fraude.

A professora Arlene Clemesha, do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, explica que a guerra civil Síria teve graves consequências para o país e sua população em termos de destruição de paisagem, econômica e do número de vítimas do conflito. “Tem porções inteiras do país destruídas. A perspectiva de reconstrução física e institucional é remota e difícil”, aponta.

O ditador Bashar al-Assad planeja sua reeleição, vista como fraudulenta por opositores e entidades contrárias ao regime. Para concorrer às eleições, é preciso ter vivido na Síria nos últimos dez anos, o que já exclui opositores exilados, e deve receber o apoio de ao menos 35 dos 250 membros do Parlamento, que é dominado pelo partido do ditador. Ao todo, cinco candidatos devem concorrer à presidência. De acordo com Arlene, as eleições são fraudulentas e caracterizam o regime sírio.

“Foi colocada em vigor uma estrutura de poder amparando e vem aí coroar todo esse processo as eleições fraudulentas. Esse é o regime sírio”, expressa a professora, que complementa: “Não há qualquer perspectiva dessas eleições serem livres. Uma maneira muito eficaz e já muito testada de controlar as eleições é controlar os candidatos. Na medida em que se controla quem é candidato, já se tem de antemão uma segurança de qual vai ser a plataforma política de um possível vencedor. Porque estão todos já sob controle.”
Com a iminente reeleição de Bashar al-Assad, o conflito sírio deverá continuar sem previsão de término. “O regime não está disposto a abrir e não tem condições de abrir, portanto, sim, a perspectiva é que continue havendo, por um tempo indefinido, bolsões de conflito e muita repressão”, finaliza Arlene.


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