Estrabismo pode afetar tanto adultos quanto crianças

A correção do problema, porém, deve acontecer na infância, alerta Pedro Carricondo

 12/12/2023 - Publicado há 5 meses
Por
Na criança não há sintomas, o que acontece é que o cérebro passa a ignorar uma das duas imagens e com isso os pequenos podem desenvolver uma condição relativamente grave – Foto: «мĦж» SONGS/Flickr-CC
Logo da Rádio USP

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 4% dos brasileiros têm ou tiveram estrabismo. A deficiência se caracteriza por qualquer tipo de desalinhamento dos olhos, o que impede a visão de focar num mesmo ponto, num mesmo objeto. Vários fatores podem causar a lesão. Pedro Carricondo, diretor do Pronto-Atendimento Oftalmológico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que o problema pode estar relacionado a condições genéticas, alterações do olho, uma lesão de retina, uma catarata que baixa muito a visão de um dos olhos e que pode levar ao estrabismo. Causas neurológicas também podem ocasionar a alteração muscular  como consequência  secundária de algum tipo de acidente, trauma onde tenha ocorrido algum tipo de fratura, de quebra dos ossos em volta do olho, na região conhecida como órbita. Para a realização de um diagnóstico inicial, a história e idade do paciente são avaliadas.  

Crianças e adultos apresentam sintomas diferentes. Na criança provavelmente não haverá sintomas, o que acontece é que o cérebro passa a ignorar uma das duas imagens e com isso os pequenos podem desenvolver uma condição relativamente grave, a ambliopia, ou seja, o não desenvolvimento da visão normal do olho que o cérebro não está usando a imagem. Chama-se a isso de “olhinhos preguiçosos”, que é a ambliopia. Se não tratada, até por volta dos 8 anos – o limite máximo -, a criança tem uma grande chance de ficar com uma visão bem reduzida nesse olho que está sendo desviado. Esse é o estrabismo na criança.   

Fase adulta

No adulto que já enxergava, quando ele desenvolve estrabismo, normalmente vai ter uma visão dupla. Esse é o sintoma mais comum, mais frequente. Como regra geral, é preciso procurar uma causa de base, algum fator neurológico, por exemplo, alteração da tireoide, doença de Graves. Pode ocorrer uma condição que se chama de miastenia, entre outras diversas doenças. É possível dividir o estrabismo: se os olhos se afastam para dentro ou para fora ou com uma altura. São as formas utilizadas para classificar o estrabismo. Nem sempre o desvio é um problema visível, pode haver uma disfunção pequena que cause alteração, principalmente nas crianças. Um grau muito alto de hipermetropia pode desalinhar a visão. Carricondo explica que “o olho precisa acomodar, ele precisa compensar esse grau e, quando ele faz isso, faz o movimento para dentro ao mesmo tempo. Nem sempre é necessário ter um problema muscular causando o estrabismo, pode ser algum problema de visão”.

Pedro Carricondo – Foto: Arquivo Pessoal

Existem alguns tipos de estrabismo com características genéticas que são herdados, mas nem todos são genéticos. No entanto, mesmo não sendo diretamente genético, filhos de pais com deficiência têm uma chance quatro vezes maior de apresentar o problema. A idade e a causa da deficiência são relevantes no momento de definir o tipo de tratamento que, na maior parte dos casos, apresenta resultados positivos por muitos anos. Normalmente, o tratamento começa com tampão até a visão da criança se desenvolver, e, se mesmo assim os olhos não ficarem alinhados, é necessário realizar a cirurgia, que consiste em regular os músculos, a posição dos olhos, realinhando-os, passar a usar os dois olhos ao mesmo tempo –  no adulto fica alinhado e ele deixa de ter a visão dupla.

O estrabismo, especialmente na criança, merece atenção especial do oftalmologista, porque esse é o período de evitar que apresente lesões na idade adulta. A melhor forma de se obter sucesso com as crianças é o tratamento até 7, 8 anos, no máximo. Após essa idade não adianta fazer o tratamento, destaca Carricondo. Não se trata apenas de uma questão estética, mas sim da capacidade de a criança desenvolver normalmente sua visão.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.