Com a transição para o novo governo no Estado de São Paulo, o governador eleito enfrentará desafios ambientais, que envolvem a poluição atmosférica, a questão do saneamento e o desmatamento. Analisar possíveis medidas e acompanhar a possível privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) são os pontos-chave em um primeiro momento.
O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente da USP, cita o desmatamento como um primeiro ponto de destaque nesse momento de transição. Matas remanescentes da Mata Atlântica vêm sendo pressionadas pela construção de condomínios e ocupações, o que o professor salienta impactar não somente a biodiversidade local, mas mananciais e nascentes. Isso ocasiona um desabastecimento nos reservatórios: “Parte da nossa crise hídrica tem origem no desmatamento”.
Poluição
Outro ponto destacado é a poluição atmosférica. Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), há uma diminuição na poluição do ar, mas o professor destaca ainda ser “preciso investir em mais medidas de fiscalização, como a inspeção veicular”. Ela seria a responsável por averiguar a manutenção correta de automóveis, para que uma quantidade menor de gases de efeito estufa seja liberada. Aqui, ele também expõe a importância do investimento em transporte público, em especial o Metrô, que pode ser uma alternativa para a redução de circulação de veículos nas ruas.
Tarcísio de Freitas também deverá pensar em melhorias no saneamento básico, em especial no combate à poluição de rios e corpos hídricos. O caso da represa de Guarapiranga é um dos destacados pelo professor, em que a deposição de matéria orgânica tem poluído o reservatório que poderia ser utilizado para o abastecimento de mais residências. Para isso, Côrtes destaca que será necessário abordar a questão do saneamento em sentido mais amplo, considerando a “captação, tratamento, distribuição de água e a gestão de resíduos para começar a repensar o sistema de abastecimento”, e que também seja possível repensar o reúso de águas.
Com a possibilidade de privatização da Sabesp colocada pelo próximo governo, o professor finaliza a discussão opondo-se à alternativa para a melhoria no saneamento em São Paulo. Para isso, ele faz um balanço pensando nos benefícios que a população pode retirar da privatização e se haverá tarifas excessivas. Ele também diz ser necessário considerar as regiões dependentes das alterações climáticas para o abastecimento, considerando a possibilidade da distribuição desigual do recurso.
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