Conservação do ambiente marinho e costeiro depende de políticas públicas 

Paulo Antônio de Almeida Sinisgalli reforça que a falta de regulamentação desses ambientes intensifica impactos climáticos e afeta a população marinha e a humana

 11/07/2022 - Publicado há 2 anos

As zonas costeiras são reguladoras da concentração de gases do efeito estufa. É fundamental preservá-las – Foto: wirestock via Freepik
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O bem-estar humano está diretamente associado aos serviços ecossistêmicos e ao ambiente marinho e costeiro. Iniciativas como a Avaliação Ecossistêmica do Milênio trouxeram reflexões e bases teóricas para avançar o conhecimento sobre os benefícios do oceano para a sociedade.

Conservação 

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, , afirma que deve haver uma gestão mais adequada para proteger os ambientes marinhos e dá exemplo de políticas públicas para preservar áreas de mangues e aprimorar o tratamento de esgotos antes de lançá-los ao mar: “O mar consegue tratar esses esgotos, mas acaba prejudicando muito a qualidade da água, afetando até a saúde das pessoas”.

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Os benefícios do oceano para a sociedade ainda são pouco conhecidos

Além disso, a regulamentação deve ser exercida em conjunto entre o governo e a população local, a partir de um plano de manejo, como a APA Marinha do Litoral Norte, a qual regulamenta as áreas marinhas e as atividades que podem ser exercidas em determinadas regiões, incluindo pescadores e outros profissionais locais. “Nós temos um projeto de pesquisa que procura avaliar também o papel desses pescadores no sentido de retirar lixo do mato. É como se fosse um serviço ambiental que eles prestam, ou seja, no dia em que eles retiram uma quantidade de lixo que está sendo jogada no ambiente marinho, eles recebem por isso”, explica o professor.

Questões climáticas e ambientais 

As zonas costeiras são reguladoras da concentração de gases do efeito estufa, portanto, é fundamental preservá-las para evitar o agravamento de impactos ambientais, pois o contrário desencadeia o aumento da temperatura do planeta e altera o PH dos oceanos, afetando a vida marinha e as cadeias alimentares.

Paulo Antônio de Almeida Sinisgalli – Foto: Arquivo pessoal

Sinisgalli cita também o aspecto das regiões de mangues: “Se você desmata regiões de mangue, com alta concentração de carbono, você acaba liberando cada vez mais CO2 ao meio ambiente, influenciando as mudanças climáticas. Mangues e áreas costeiras também vão sofrer o impacto da elevação do nível do mar em função do aumento da temperatura”. Tudo isso atinge as populações locais e quem depende da pesca, por exemplo.

Para o professor, mais do que conhecer esses problemas – o que é de suma importância –, é preciso focar em ações políticas que vão garantir que as gerações futuras tenham as mesmas oportunidades de possuir uma boa qualidade de água. “Temos que ter essa responsabilidade, e eu acho que o ponto importante é que já sabemos o suficiente para poder agir”, opina. “As janelas de oportunidades estão começando a se fechar, e as consequências são danos maiores e uma perda de benefício para toda a população humana”, completa.

O Especial Oceano é um iniciativa do Jornal da USP e Rádio USP em conjunto a Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, iniciativa do Instituto Oceanográfico (IO) e do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Para saber mais, acesse catedraoceano.iea.usp.br.

 

 


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