O grupo de pessoas que logo vem à mente quando falamos da pandemia do coronavírus enfrentada atualmente e seus principais afetados é o dos idosos. Em seu início, estudos mostravam que crianças não eram tratadas como um grupo de risco. Casos graves poderiam acontecer, mas raramente. Este quadro foi alterado após meses de enfrentamento e com o avanço gradual da covid-19.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o professor Werther Brunow de Carvalho, da Terapia Intensiva, Neonatologia e Pediatria do Instituto da Criança e do Adolescente (ICr) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, comenta que o cenário clínico envolvendo as crianças e a covid-19 no Brasil teve uma evolução semelhante ao que ocorreu em outros países.
O professor explica que o aumento no número de casos pediátricos, de moderados a críticos, determinou um novo cenário, principalmente com casos observados no ultimo mês. Em função disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras sociedades mundiais lançaram alertas para que o pediatra tivesse prontidão para casos mais graves, tais como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, por se tratar de uma enfermidade não tão usual no cotidiano de um profissional da área de pediatria.
Mas como os profissionais desta área se prepararam para enfrentar a pandemia? A doutora Heloísa Helena de Sousa Marques, chefe da Unidade de Infectologia do Instituto da Criança e do Adolescente (ICr), explica que “a partir do momento em que foram publicados os primeiros sinais de que nós teríamos uma pandemia, o Hospital das Clínicas começou a se organizar, fazendo reuniões com os vários institutos, mesmo antes do primeiro caso”. Ela ainda complementa que os médicos do Instituto da Criança começaram a discutir um protocolo de manejo clínico para as crianças, com médicos tanto da Emergência, Terapia Intensiva, Berçários e de outros setores da instituição. Esse manejo clínico determina o local onde a criança deve ir depois que chega ao hospital, os cuidados que deve receber, se ela vai poder voltar para casa, entre outros fatores.
A doutora explica que as crianças tratadas pelo instituto estão indo relativamente bem, e mesmo crianças que não foram internadas, após diagnóstico, continuam recebendo tratamento através da telemedicina. Em sua maioria, os resultados são bons, mesmo com a recuperação feita em casa, com acompanhamento do especialista.
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