A Conferência do Clima da ONU (COP27) colocou o Brasil de volta às discussões globais sobre as alterações climáticas com certo protagonismo ambiental. Com a volta do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o País obteve boa receptividade entre os atores internacionais importantes, recebendo a possibilidade de sediar a próxima edição da Conferência (COP30), na Amazônia.
Nesta edição, entre os principais pontos de destaque desenvolvidos pelo grupo está a Coalizão pelas Florestas. No mundo e no Brasil ainda há a expectativa da criação de um Ministério ou mesmo uma Secretaria especial voltada às mudanças climáticas, após a criação do Ministério dos Povos Originários, por parte do governo Lula, além do anúncio de quem será responsável pelo Ministério do Meio Ambiente.
O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, coloca a criação da Coalização pelas Florestas como “uma espécie de Opep das florestas”, em que os países possuidores de florestas reunirão recursos internacionais para a preservação delas. A captação de recursos para a preservação de florestas é mais facilitada pelo sistema de captação de créditos de carbono, mas a possibilidade da coalizão pode ser uma alternativa, desde que “os países detentores das maiores florestas apresentem projetos bem estruturados e sistemas de governança e fiscalização, para que eles recebam esses recursos”, adiciona o professor.
Essa foi uma opção encontrada após os países do Hemisfério Norte e europeus sentirem os eventos climáticos de forma muito intensa. E, para além da criação da coalizão, Côrtes destaca a movimentação feita pelos governadores dos Estados amazônicos, que têm buscado medidas econômicas, sem a “falsa expectativa de que o desmatamento e a grilagem vão gerar recursos para a manutenção dos Estados”, como o professor coloca, para a preservação e manutenção do bioma, a partir do desenvolvimento sustentável.
No Brasil
O presidente eleito insiste no tópico de desenvolvimento ambiental, ao defender o uso de recursos naturais provenientes da floresta amazônica de forma sustentável: “A floresta é um grande laboratório farmacêutico, com potencial para ser utilizada no combate a uma série de doenças”, destaca Côrtes. A Amazônia é fundamental nos efeitos climáticos e seu desmatamento “tem provocado uma recuperação muito lenta”, o que é observado nas alterações climáticas, na umidade do ar e no déficit de chuvas.
“É extremamente importante que a gente inicie essa recuperação o quanto antes. Cessando, de imediato, o desmatamento, e ampliando as áreas recuperadas dentro do arco de desmatamento”, finaliza Côrtes.