Mais de 20 milhões de adolescentes brasileiros devem buscar os postos de saúde para receber a vacina HPV. A convocação é do Ministério da Saúde, que lançou a Campanha de Mobilização e Comunicação para a Vacinação do Adolescente contra a doença. Em São Paulo, a expectativa é de vacinar 1,9 milhões de meninas de 9 a 14 anos e 2,2 milhões de meninos de 11 a 14 anos. A vacina HPV é eficaz e protege contra vários tipos de câncer em mulheres e homens. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, a professora Luísa Lina Villa, chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Instituto do Câncer do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explicou a importância da prevenção.
A especialista ressalta a importância de se tomar as duas doses da vacina. O reforço mantém a proteção ao longo dos anos, quando os jovens provavelmente terão iniciado a vida sexual e possuem maior chance de exposição ao vírus. Ela explica que o HPV é um pequeno vírus de DNA, conhecido por causar verrugas. Porém, alguns tipos do mesmo vírus são capazes de causar câncer de colo de útero, vagina, vulva, pênis, do canal anal e câncer de orofaringe (garganta, base da língua e amígdalas). A vacina pode prevenir a maior parte desses tumores.
Um dado do estudo realizado pelo projeto POP-Brasil do Ministério da Saúde mostra que a prevalência estimada do HPV entre jovens de 16 a 25 anos é de 54%. Segundo Luísa Lina Villa, esse número é compatível com estudos realizados em outras partes do mundo, mas é um alerta de que o HPV está presente, principalmente nos jovens. Entre as mulheres há uma queda ao longo da idade, ou seja, a atividade sexual é iniciada com altas taxas, mas depois o sistema imunológico controla parte dessas infecções. Entretanto, no caso dos homens, a taxa elevada persiste ao longo da vida. A cadeia de transmissão do vírus continua ocorrendo, por isso a única forma de controlar é a vacinação primária.
A pesquisa revela ainda que 37% dos participantes apresentam HPV de alto risco. A bióloga esclarece que isso significa um risco aumentado para essas pessoas de desenvolver algum câncer. Porém, não é uma sentença da doença. Na verdade, são poucas as pessoas que desenvolvem o câncer, mas o risco existe. Por isso, ela ressalta a importância da prevenção através da vacina, do rastreamento do vírus, feito por exames, e no cuidado de relações sexuais protegidas.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima. |
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