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Azul Meio-Dia, Azul Noite, Sul Fiato, XI de Agosto, 12 em Ponto, Oxumaré, Tarde, Sestina, Todo Canto, Dona Yayá, Tendal, Jupará e Zimana. São esses os nomes dos grupos que compõem o Coral da Usp (Coralusp), que em 2017 alcança meio século de existência. Além de manter esses 13 grupos, o coral também organiza três Oficinas Corais e o Coral da Penitenciária Feminina da Capital.
Fundado em 1967 pelo maestro Benito Juarez e pelo então diretor do Grêmio Politécnico José Luiz Visconti, o Coralusp funciona em um modelo único no Brasil, promovendo um intercâmbio entre a linguagem do canto erudito e do popular. Com especial foco na música popular brasileira, os 13 grupos corais levam ao público um repertório diversificado, incluindo apresentações que vão do rock e do jazz à música clássica.
Mantido pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, o órgão tem mais de 20 pessoas em seus quadros, entre funcionários, estagiários, regentes e orientadores didáticos. Entre comunidade USP e comunidade externa, são mais de 560 coralistas, que eventualmente se reúnem no “Corão”, para apresentações conjuntas. Há também apresentações conjuntas com a Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (Osusp), onde há uma seleção de coralistas.
Para a diretora artística e regente Márcia Hentschel, o Coralusp cumpre de fato um papel de promover a extensão universitária. “Não precisa ser da USP, não precisa ser funcionário, não precisa ser aluno, e não paga nada. E aqui, quando entra, tem aulas de teoria, de história da música, um pouquinho de aula de percussão, aulas de canto. E para os monitores, que são aqueles que a gente imagina que serão regentes, também há aulas de piano”, explica.
Em 2016, os 13 grupos que compõem o órgão levaram ao público cerca de 150 concertos. Para 2017, em que comemora 50 anos de existência, o Coralusp pretende chegar a pelo menos 200.
50 anos
Para comemorar o seu 50º aniversário, o Coralusp terá uma programação especial em 2017. Entre as iniciativas planejadas, está a vinda de conceituados regentes estrangeiros para o Brasil. Em duas semanas de março, por exemplo, a argentina Cristina Gallo trará o repertório de seu país para a USP. Após ela, outro latino-americano, Nico Ospina, regente colombiano, também visitará o Coralusp no segundo semestre, trazendo seu conhecimento sobre cantos harmônicos.
Numa das primeiras iniciativas do ano, ainda na segunda semana de janeiro, o órgão promoveu um workshop de Cantos Circulares, organizado pelo compositor Jascha Hoffman e pelo regente Zuza Gonçalves. Durante a experiência, os participantes puderam, através da condução dos professores, “compor canções a partir de texturas sonoras”.
Ainda no primeiro semestre, mas sem data definida, o Coralusp promoverá também o seu primeiro Laboratório de Canto Coral. “Serão quatro ou cinco dias, em que a pessoa — que não precisa ser de um dos grupos corais da USP — ficará aqui com a gente fazendo canto coral de manhã, de tarde e de noite. E aí, no último dia, terá uma pequena apresentação do que foi aprendido nesse tempo”, explica Márcia.
Livro
Além da vinda de regentes e da promoção de workshops e laboratório, uma das principais iniciativas do Coralusp na comemoração dos 50 anos é o lançamento do livro Arranjos Corais de Damiano Cozzella. Editado pela Editora da USP (Edusp), organizado pelo regente Alberto Cunha e revisado pela também regente Helena Maria Starzynski, a obra é uma compilação do trabalho do conceituado ex-professor e arranjador. Por mais de 30 anos no Coralusp, Cozzella traduziu grandes sambas, choros, marchinhas carnavalescas, canções da bossa nova e da MPB para a linguagem coral. Uma parte de sua obra está impressa no livro recém-lançado.
Além de ter encabeçado o grupo paulista de vanguarda erudita Música Nova junto de nomes como Gilberto Mendes, Cozzella também participou ativamente da Tropicália, ao lado de Rogério Duprat e outros. Para Alberto Cunha, o livro é um trabalho importantíssimo pela importância de Damiano Cozzella. “Ele é uma bússola pra gente, do ponto de vista estético, ideológico, musical. Ele tem uma experiência muito grande com a música, com os movimentos de vanguarda da música brasileira”, aponta.
Cantata Brasileira
Uma das principais iniciativas do Coralusp para a comemoração de seu 50º aniversário é encabeçada por André Juarez, regente do Grupo Azul e filho de Benito Juarez, um dos fundadores do Coral. Apesar de se identificar como um “instrumentista, e não compositor”, ele colocou a “mão na massa” e se aventurou no universo da composição para fazer uma obra especial para o ano comemorativo.
O resultado do trabalho de Juarez é a Cantata Brasileira. Composta de 12 movimentos, a obra homenageia diferentes estilos da música brasileira, tendo como tema central o momento atual do País. “Eu pensei em coisas que a gente está vivendo no momento, que a universidade está vivendo no momento, principalmente de política. E eu tento falar de um jeito até um pouco sarcástico, mas sempre divertido”, explica o regente.
Entre os elementos diversos da Cantata, há homenagens às escolas de samba, com um movimento sobre sambas-enredos, e também à festa do Bumba-Meu-Boi que ocorre no Morro do Querosene, vizinho à USP e onde Juarez pretende apresentar a sua obra durante o Batismo do Boi, segunda festa do ano, que ocorrerá em 24 de junho.
Juarez, que reforça que a Cantata Brasileira é uma “experiência” e que não tem pretensões de se tornar compositor, pretende misturar aos mais de 500 coralistas os grupos homenageados em cada movimento. Na homenagem ao Boi, a participação do Grupo Cupuaçu, que realiza a festa, por exemplo; no movimento de Maracatu, um bloco do ritmo; no samba-enredo, a participação de uma escola de samba. Ainda sem uma primeira data estabelecida, mas com pretensão de apresentá-la ao menos seis vezes, incluindo uma grande apresentação no Teatro Municipal de São Paulo.
Novas vagas
Até o dia 31 de março, a comunidade interna e externa à USP pode se inscrever no processo seletivo do Coralusp. Além dos requisitos específicos de cada um dos 13 grupos corais, a única obrigatoriedade é ter mais de 18 anos. Há vagas tanto para pessoas com experiência musical quanto para leigos. Os interessados — que já são mais de 600, nos primeiros 20 dias de inscrições — devem preencher uma ficha de inscrição e agendar um teste vocal.
Os selecionados participarão das atividades e dos ensaios de seu grupo, além de receber aulas de estruturação musical, história da música e orientação em técnica vocal. Quem não conseguir uma vaga, poderá ser selecionado para uma das três oficinas do Coralusp, que contemplarão cerca de 40 a 50 pessoas cada uma. Nesse caso, os alunos terão aulas entre abril e dezembro, com direito a apresentação para familiares e amigos ao fim da oficina e a possibilidade de tentar uma vaga em algum dos grupos no ano seguinte.
Para se inscrever e obter mais informações, basta acessar o site do Coralusp em http://www.coralusp.prceu.usp.br/