Institucionalizar medidas de igualdade racial é o caminho para a cidadania plena

“É um virar de chave na mente da gestão, agora de cima para baixo, de que essas questões devem permear toda a vida da Universidade”, garante Adriana Alves

 18/11/2022 - Publicado há 1 ano
Por

Logo da Rádio USP

Por decreto da lei 12.519, de 2011, comemora-se o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. Para a população negra, essa data é simbólica, segundo Adriana Alves, coordenadora da Diretoria de Gênero, Relações Étnico-Raciais e Diversidades da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP. “A gente celebra não apenas o movimento de resistência à escravidão do Zumbi dos Palmares, mas também traz a reflexão à nossa luta por dignidade, por equidade, por igualdade de direitos”, explica.

Entre os dias 20 e 26 de novembro, a Universidade de São Paulo realiza a Primeira Semana da Consciência Negra da USP, em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) e apoio dos coletivos negros da USP e das universidades Zumbi dos Palmares e Unifesp.

Medidas da USP

A implementação da Primeira Semana da Consciência Negra da USP acompanha uma série de medidas reivindicadas pelos estudantes cotistas. “A coligação dos coletivos negros traz para a Universidade uma cultura, um conhecimento sobre relações sociais no Brasil”, declara ela. Pautas sobre equidade, igualdade racial e a plena cidadania do povo negro têm sido promovidas na Universidade, inclusive incentivando docentes a repensarem os referenciais teóricos e práticos aplicados em suas aulas.

Para Adriana, a implementação da primeira semana e da PRIP é resultado de uma institucionalização de discussões que vinham sendo trazidas apenas no meio das coligações e coletivos estudantis. “É um virar de chave na mente da gestão, agora de cima para baixo, de que essas questões devem permear toda a vida da Universidade”, comenta.

Adriana Alves

Outras ações providenciadas em prol da inclusão são a banca de heteroidentificação, a diversidade nos concursos docentes, abertura de vagas de pós-doutorado para pesquisadoras negras e o USP Diversa. 

A coordenadora relata que, desde a concretização das cotas raciais, em 2018, não havia uma medida de fiscalização do preenchimento das vagas reservadas para estudantes cotistas. Após uma série de exigências do movimento estudantil, será aplicada a banca de heteroidentificação em 2023. A etapa de verificação da autodeclaração racial será feita antes da matrícula, de modo a reaproveitar essas vagas nas chamadas futuras e evitar falsas denúncias de fraude.

Em relação à abertura de vagas para mulheres negras na pesquisa, Adriana conta sobre a institucionalização dos marcadores de gênero e raça nas oportunidades de entrada: “É a primeira vez que, institucionalmente, a gente marca que há uma diferença no acesso aos níveis finais de formação da carreira acadêmica”. 

Primeira semana

A Primeira Semana da Consciência Negra da USP se inicia no domingo (20), com um concerto composto exclusivamente de músicos negros. “Durante a semana, a programação será temática”, anuncia Adriana acerca das atividades propostas no campus Butantã.

Segunda-feira é o Dia de Exu, dedicado à importância cultural das religiões e ao acolhimento psicológico do povo negro. No dia seguinte, será debatido o empoderamento feminino e a representatividade feminina no âmbito acadêmico. Por fim, na quarta-feira, o tema envolverá as ações afirmativas e o papel da branquitude na Universidade.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.