O agronegócio cresce, mas seca preocupa

Marcos Fava Neves é professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP

 29/11/2017 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 01/12/2017 as 9:23

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Marcos Fava Neves – Foto: Arquivo pessoal.

Com os números quase finais da supersafra brasileira de 2016/17 ao redor de 238,8 milhões de toneladas, a Conab soltou a primeira projeção para 2017/18. Devemos ficar entre 224 e 228 milhões de toneladas, uma redução entre 4% e 6%. A área deve seguir crescendo quase 2%, atingindo entre 61 e 62 milhões de hectares. Espera-se um pouco de perda de produtividade, principalmente por questões climáticas que já temos observado.

A notícia de destaque neste mês sem dúvida vem sendo o incrível ganho para a sociedade brasileira desta safra com a derrubada dos índices de inflação. Nas carnes, tivemos deflação de 4,2% neste ano, graças aos menores preços dos grãos e em diversos outros produtos, portanto o agro promoveu bem-estar. Diversos outros produtos estão com preços menores aos consumidores.

As exportações de setembro foram de US$ 8,6 bilhões, praticamente 23,7% acima de setembro de 2016, deixando um superávit de US$ 7,4 bilhões, impressionante salto. No acumulado de janeiro a setembro o agro trouxe US$ 74 bilhões, quase 9,8% acima de 2016. O superávit deixado já está em US$ 63,3 bilhões (9,9% acima). As exportações de açúcar e etanol aumentaram 50% em relação ao mesmo mês e a de milho cresceu ao redor de 80%.

As exportações de setembro foram de US$ 8,6 bilhões, praticamente 23,7% acima de setembro de 2016, deixando um superávit de US$ 7,4 bilhões, impressionante salto.

Soja já trouxe US$ 27,8 bilhões (18,2% a mais), carnes, US$ 11,5 bilhões (7,2% a mais), açúcar e etanol, US$ 9,5 bilhões (16,3% a mais) e produtos florestais, US$ 8,4 bilhões (11% a mais). Estes seriam os principais destaques. Esta grande entrada de dólares também ajuda na inflação, pois valoriza o real e permite importações mais baratas e maior controle de preços no mercado interno via concorrência internacional. Ganha o consumidor, perde o agro em margens.

Como nos meses anteriores, segue firme o “aspirador chinês” de produtos alimentares brasileiros, que somente em setembro comprou quase US$ 2 bilhões, mais que o dobro observado em setembro de 2016 e puxou 30% das nossas exportações neste ano.

O índice de preços de commodities alimentares da FAO chegou a 178,4 pontos, 1,4% acima de agosto e 7,4% acima de setembro de 2016. Cereais (1,6% de queda) ajudaram a derrubar o índice, enquanto açúcar e carnes permaneceram com os mesmos preços e os óleos vegetais (2,5%) e os lácteos (2,1%) ajudaram a subir. É uma boa notícia da valorização das commodities alimentares.

A FAO estima que a produção de grãos em 2017 vai atingir recorde de 2,612 bilhões de toneladas e utilizar 2,589 bilhões, jogando também os estoques para valores recordes de 720 milhões de toneladas (2% acima). Esta mega produção tem mantido os preços, principalmente de soja e milho, estáveis e são boas as chances de permanecerem neste patamar. Nada a falar dos preços neste mês.

Enfim, as notícias de final de setembro e outubro foram boas, exportações firmes, produção firme, expectativa de boa safra 2017/18, crescimento de área, mas alguma preocupação com a seca neste momento atrasando plantio no Brasil. Torcer para que as águas venham, parece que voltam no final de semana!

E, para concluir, como consumidor, agradeço aos produtores rurais, pois seu grande esforço produtivo neste ano fez diminuir o preço da minha comida. O agro deu um presente ao consumidor brasileiro!

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