Uma iniciativa baseada no compartilhamento e no desenvolvimento conjunto de recursos bibliotecários em português, como base para intercâmbio e cooperação entre universidades. Essa é a proposta liderada pela Universidade de Macau (UM) para criação de uma aliança bibliotecária acadêmica entre a região administrativa especial de Macau, na China, e os países de língua portuguesa.
A chamada Aliança Bibliotecária Académica entre a Região Administrativa Especial de Macau e os Países de Língua Portuguesa (ABAMAPLP) reunirá universidades de sete países, a Associação de Universidades de Língua Portuguesa e o Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa. A assinatura se realizará de forma virtual (via Zoom) no dia 16 de setembro, durante o XXX Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, às 12h (horário de Lisboa).
O português é uma das línguas oficiais de Macau, localizada na costa sul da China continental. De acordo com o vice-reitor para Assuntos Globais da UM, Rui Martins, o idioma é um testemunho da história e da formação da identidade cultural do território.
“Esperamos, sinceramente, que possamos contribuir para o estabelecimento de relações mais estreitas entre a Região Administrativa Especial de Macau e os países de língua portuguesa, assim como para o desenvolvimento de mais iniciativas de cooperação no ensino superior entre todos os envolvidos”, afirma Martins.
Um total de 20 universidades e instituições acadêmicas de Portugal (7), Brasil (5), Angola (2), Moçambique (2), Cabo Verde (1) e Timor-Leste (1), bem como duas universidades de Macau, assinarão o acordo de cooperação para o estabelecimento da aliança. No Brasil, participam a Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No entanto, o acordo também dá início a outra aliança bibliotecária acadêmica, entre a UM e outras 20 universidades na China que ensinam o português. A rede, portanto, deverá ligar 40 universidades através de suas bibliotecas.
Como resultado, será constituída uma plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa, bem como uma plataforma digital on-line. Nela, as 40 universidades terão acesso a livros e materiais didáticos em português e em chinês. A plataforma já foi adquirida pela UM.
O presidente da Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (Aguia) da USP, Jackson Bittencourt, acredita que o acordo permitirá maior fluxo entre os acervos digitais das universidades, especialmente no contexto de colaboração internacional. “Além do incremento em intercâmbios de pesquisadores e alunos que eventualmente ficarão interessados nesses acervos em língua portuguesa, principalmente aquela produção anterior ao século XX. Sem dúvida nenhuma, existe uma riqueza de material bibliográfico muito grande, boa e ainda inexplorada”, afirma.
Bittencourt explica que o acordo trará também maiores discussões sobre as atualizações da ortografia e da gramática da língua portuguesa, assim como um diálogo maior entre essas universidades “que em primeiro lugar tem uma língua e parte da cultura em comum, apesar de estarem em países diferentes e muito distantes”. Na China Continental, por exemplo, o português é ensinado em cerca de 50 universidades atualmente; dez vezes mais do que há 20 anos.
A USP é a primeira colocada no ranking Times Higher Education entre as universidades de língua portuguesa, seguida pela Universidade de Macau e pela Unicamp. Juntos das três, outros 17 institutos deverão integrar o acordo de cooperação:
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Neste fluxo de informações, a rede pretende se consolidar como um centro de recursos linguísticos em português. Outros objetivos da rede são cultivar quadros bilíngues chinês-português e formar docentes de língua portuguesa altamente qualificados.
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