Em janeiro deste ano, foram lembrados os 75 anos da libertação dos prisioneiros de Auschwitz, maior campo de concentração do regime ditatorial da Alemanha nazista. Para reforçar a memória desse lamentável acontecimento na história da humanidade, a Área dos Direitos Humanos da Faculdade de Direito (FD) da USP promoverá o evento Auschwitz: o lugar onde tudo era possível, nesta sexta-feira (21), às 9h15, no Auditório Ruy Barbosa, 2º andar da FD. Desta vez, o tema virá a partir de uma conversa com quem esteve lá, Andor Stern, único brasileiro sobrevivente do campo de concentração.
“Esse evento se insere dentro de uma perspectiva geral que a Área dos Direitos Humanos tenta imprimir nos eventos que realiza. Auschwitz: o lugar onde tudo era possível tem inspiração em uma frase de Hannah Arendt, grande intelectual alemã que estudou o totalitarismo”, explica Alberto do Amaral Júnior, professor do Departamento de Direito Internacional da FD da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Refugiada nos EUA devido à perseguição nazista ordenada por Adolf Hitler, Hannah Arendt escreveu o livro As origens do totalitarismo logo após a Segunda Guerra Mundial. Alberto do Amaral fala que o livro contém as características básicas do totalitarismo e a autora aponta que o campo de concentração é uma instituição símbolo e paradigmática do totalitarismo. “Os homens são tratados como supérfluos, existe a prática da banalidade do mal. O mal é conhecido na sua versão mais intensa em que ele surge numa perspectiva desconhecida.”
Auschwitz foi o maior campo de concentração, com registros de mais de 1.100.000 mortes de judeus e opositores políticos. Lá foram feitos terríveis experimentos com humanos. O convidado do evento, Andor Stern, sobreviveu a esse horror. “O senhor Stern está com mais de 90 anos, viveu em Auschwitz por alguns anos, perdeu toda sua família nesse campo de concentração e experimentou as crueldades mais atrozes”. O professor destaca que o sobrevivente relatará as experiências vividas enquanto prisioneiro, com objetivo de mostrar que certos momentos históricos devem ser lembrados para não serem repetidos.
“Nós não estamos debatendo apenas o passado, estamos debatendo o presente, porque as ameaças do passado continuam a pairar sobre o presente. Há um crescimento da extrema direita na Europa e nos EUA, governos populistas na Ásia e na América do Sul. Mesmo no Brasil, recentemente nós tivemos um episódio lamentável envolvendo a Secretaria de Cultura do governo federal em que houve uma exaltação ao nazismo”, alerta Alberto do Amaral.
O evento é público e mais informações podem ser conferidas aqui.
Ouça a entrevista completa no player acima.
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