Entidades protestam contra boicote do governo à indicação de Deisy Ventura, da USP, para comitê da OMS

Professora da Faculdade de Saúde Pública teve nome recusado em consulta da OMS ao Ministério da Saúde, que não apresentou explicações

 29/09/2022 - Publicado há 1 ano
Deisy Ventura, pesquisadora da USP – Foto: Reprodução/Youtube Nethis

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Liderança acadêmica na área de ética, direito internacional da saúde e saúde global, a pesquisadora da USP Deisy Ventura teve seu nome recusado pelo governo para compor um dos mais importantes comitês técnicos da Organização Mundial da Saúde, na área de Emergências do Comitê de Revisão do Regulamento Sanitário Internacional. O Ministério se opôs ao nome da brasileira sem apresentar explicações.

A OMS busca escolher entre as personalidades mais qualificadas em todo o mundo, por sua competência técnica, para compor seus quadros. Deisy Ventura é professora titular de Ética da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Saúde Global e Sustentabilidade. É também professora do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e teve forte atuação no combate à pandemia de covid-19.

A recusa do nome pelo Ministério da Saúde brasileiro causou grande desconforto em círculos da área de saúde. A avaliação é de que se trata de um bloqueio puramente ideológico, já que ela auxiliou nos trabalhos da CPI da Covid.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em conjunto com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Faculdade de Saúde Pública da USP protestaram contra a atitude do governo brasileiro, considerando que a recusa do nome está na contramão dos interesses do País.

Na nota, a SBPC e a Abrasco dizem que “ao se opor ao nome da pesquisadora, sem apresentar explicações, o Ministério da Saúde age de forma puramente ideológica, enquanto a OMS busca escolher entre as personalidades mais qualificadas por sua competência técnica”.

A Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP apoia o documento das duas entidades e diz, em nota própria, que se orgulha em contar com a professora Deisy Ventura em seus quadros e acrescenta: “A profa. Deisy Ventura sempre se aplicou com dedicação e competência às atividades de ensino, pesquisa e extensão, assim como apoio à gestão universitária. Teve atuação destacada no enfrentamento da pandemia de covid-19, contribuindo de modo inestimável para a proteção social. Sua projeção como liderança acadêmica motivou o convite da Organização Mundial da Saúde para participar da importantíssima missão de rever o regulamento sanitário internacional. O injustificado veto à indicação da profa. Deisy Ventura envergonha o País em nível global”.  


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