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As universidades precisam interagir mais com a sociedade, e se comunicar melhor com ela, reconhecendo que as demandas e a percepção pública dessas instituições estão em constante evolução.
“Esse é o nosso grande desafio”, disse o reitor da USP, Vahan Agopyan. “Não porque a universidade ficou isolada numa torre de marfim”, como se costuma dizer, mas porque “a sociedade mudou, e nós não percebemos”, completou.
Os comentários foram feitos na última edição do USP Talks, que reuniu os reitores das três universidades estaduais paulistas para falar sobre os desafios da educação no Brasil, no último dia 20, em São Paulo.
Segundo Vahan, a sociedade hoje é “mais exigente, mais preparada e tem expectativas maiores” do que antigamente, e isso precisa ser levado em conta na maneira como as universidades se relacionam com ela. “Não adianta falar em número de papers ou prestígio do paper, porque não é o que a sociedade deseja”, disse. “Quero que a sociedade entenda que a universidade é o espaço onde ela vai conseguir ter as suas discussões e o seu desenvolvimento. Essa é a nossa meta.”
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O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcelo Knobel , falou sobre a necessidade de dar mais flexibilidade ao sistema e ampliar a multidisciplinaridade da formação universitária, buscando melhorar a preparação dos alunos para os novos desafios do século 21 — incluindo a capacidade de se adaptar rapidamente a novas carreiras e novas tecnologias que deverão surgir, muitas vezes de forma inesperada.
“Estamos indo na contramão do mundo inteiro no que se refere à maneira de ensinar e ao que ensinamos”, disse Knobel. “Nosso sistema é engessado, extremamente conteudista, rígido e muito, muito complicado. Tudo no sentido contrário do que a tendência mundial indica.”
“Sem dúvida precisamos avançar e começar a educar para o século 21, e não continuar ensinando como no século 19”, destacou, também, o reitor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Sandro Valentini. Ele lembrou sua origem simples no interior paulista, filho de um funileiro mecânico, e disse que entende a educação como uma forma de emancipação. “Todos os jovens deveriam ter essa oportunidade.”
Valentini ressaltou ainda o papel da internacionalização, “não apenas para atingir rankings, mas para transformar os jovens”; e o valor de demonstrar o impacto social das pesquisas feitas nas universidades, “muito importante para recuperar ou fortalecer a nossa legitimidade perante a sociedade”.
Cada reitor fez uma apresentação individual de 15 minutos. Na sequência, os três participaram de um debate com a plateia, em que foram levantados diversos temas. Entre eles, o programa Future-se, do governo federal, e a CPI das universidades, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Os vídeos do evento estão disponíveis abaixo e no canal do USP Talks no YouTube, onde é possível assistir também a todos os eventos anteriores do programa.
Serviço
O USP Talks é uma iniciativa da USP, com o objetivo de aproximar as universidades da sociedade. Os eventos são realizados mensalmente, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp), com entrada gratuita e transmissão ao vivo pela internet. Para saber mais e acompanhar a programação, siga nossas páginas nas redes sociais: Facebook, YouTube e Twitter.
O próximo evento será no dia 24 de setembro, sobre o tema empreendedorismo.
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