Sociedade em Foco #221: Mobilidade urbana em São Paulo

De acordo com José Luiz Portella, a mobilidade é um dos principais desafios das grandes metrópoles e é necessário expandir esse debate no âmbito das políticas públicas

 Publicado: 04/02/2025 às 7:07
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #221: Mobilidade urbana em São Paulo
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O aumento expressivo de mortes de motociclistas no trânsito, especialmente em São Paulo, acende um alerta sobre as falhas na mobilidade urbana da cidade. De acordo com o professor José Luiz Portella, pós-doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da USP, a falta de planejamento a longo prazo tem agravado os problemas de trânsito, tornando a capital paulista um ambiente cada vez mais hostil para motoristas e pedestres.

Segundo o especialista, o crescimento desordenado da cidade, aliado à ausência de projetos estruturantes, contribuiu para a situação atual. Ele conta que São Paulo sempre cresceu sem planejamento adequado para a mobilidade e o aumento do trânsito era previsível, mas as políticas públicas não acompanharam essa evolução. Para Portella, a última grande medida adotada, o Rodízio de Veículos, foi criada inicialmente para reduzir a poluição, mas  hoje se mostra insuficiente para resolver os desafios do trânsito.

O especialista chama a atenção para a alta taxa de letalidade entre motociclistas. Em 2024, a cidade registrou uma média de 1,3 mortes por dia envolvendo motos. Segundo ele, o crescimento dos serviços de entrega e a aprovação do transporte de passageiros por motocicletas são medidas que agravam ainda mais esse quadro. Ele conta que o modelo pode ser viável em pequenas cidades, mas é inviável para uma metrópole como São Paulo.

A falta de um projeto amplo para mobilidade também gera impactos financeiros. Além da perda de vidas, o professor apontou que o aumento de acidentes gera altos custos para o sistema de saúde pública e Previdência, com vítimas que ficam internadas por longos períodos ou impossibilitadas de trabalhar. Para ele, medidas pontuais como a “faixa azul” para motocicletas não são suficientes. “A faixa azul funciona em apenas 1% das vias. O problema precisa de soluções mais abrangentes”, ressalta.

Por fim, o especialista critica a falta de atenção dada ao tema durante as últimas eleições municipais. “Mobilidade e segurança são os grandes problemas das metrópoles hoje. Enquanto isso, seguimos sem um projeto concreto para reduzir acidentes e melhorar o deslocamento urbano. É preciso acordar para essa realidade”, enfatiza.


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