Centro de Pesquisa une cientistas da USP e do CNRS para investigar o mundo em transição

Instalado na Cidade Universitária, o International Research Center Worlds in Transitions é uma unidade do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França dedicada a desenvolver pesquisas em parceria com a USP

 Publicado: 04/02/2025 às 15:00     Atualizado: 13/02/2025 às 14:12

Texto: Erika Yamamoto

Maison du CNRS, na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Leia este conteúdo em InglêsHá pouco mais de um ano, a USP e o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), a maior instituição pública de pesquisa da França, iniciaram uma grande parceria para facilitar a cooperação interdisciplinar entre as comunidades científicas da Universidade e a do Centro.

O International Research Center Worlds in Transitions (IRC Transitions) é uma unidade do CNRS em São Paulo, criado em parceria com a USP, para promover a colaboração entre as duas instituições no desenvolvimento de pesquisas conjuntas e na formação acadêmica de alta qualidade, envolvendo tanto a governança institucional quanto a comunidade científica.

“Os centros internacionais criados na USP proporcionarão uma experiência qualificada de pesquisa e inovação, aumentando as possibilidades de financiamento externo e permitindo que nossos alunos tenham uma experiência internacional sem ter que viajar para outros países. O balanço de atividades de um ano do acordo CNRS-USP foi bastante positivo. Os sete pilares mostraram avanços e sinalizam uma parceria duradoura entre as instituições. Além disso, o financiamento da Fapesp para os centros internacionais foi uma decisão que, certamente, qualifica a iniciativa”, ressalta o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Para o presidente e diretor-executivo do CNRS, Antoine Petit, “o IRC Transitions representa uma oportunidade única de identificar e enfrentar os desafios que nos aguardam – desafios que transcendem fronteiras e disciplinas e exigem nossa expertise e criatividade coletivas”.

Carlos Carlotti Junior - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Carlos Gilberto Carlotti Junior - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Esse é o sexto centro do CNRS no modelo IRC, que é a modalidade mais avançada de cooperação que a instituição francesa mantém com seus parceiros no exterior. Já foram estabelecidas parcerias semelhantes com as universidades do Arizona e de Chicago (Estados Unidos), com o Imperial College London (Reino Unido), com a Universidade de Sherbrooke (Canadá) e com a Universidade de Tóquio (Japão).

Petit esteve em São Paulo em março de 2024, para a inauguração da sede do IRC Transitions, na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira.

IRC Worlds in Transitions

O IRC Transitions é coordenado por representantes da USP e do CNRS, auxiliados por comitês diretores e comitês consultivos das duas instituições.

“Do ponto de vista científico, o IRC estrutura-se a partir de sete pilares temáticos, sem prejuízo de que venha a comportar outros ainda; do ponto de vista administrativo, o IRC é copresidido pelo reitor da USP e pelo presidente do CNRS, contando com um diretor-geral, com um comitê diretivo e com um conselho consultivo externo, ambos com membros indicados pelos dois parceiros”, explica o professor da Faculdade de Direito da USP e diretor administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fernando Menezes, que tem atuado nas negociações sobre a implantação do centro.

Fernando Menezes, diretor administrativo da Fapesp - Foto Arquivo pessoal
Fernando Menezes, diretor administrativo da Fapesp - Foto Arquivo pessoal

Segundo Menezes, “o IRC é aberto, segundo suas próprias regras, a adesões de pesquisadores da USP que queiram aproveitar essa estrutura para desenvolver suas pesquisas, e se beneficia de um orçamento especial no novo programa da Fapesp para fomento aos Centros Internacionais de Pesquisa, assim como os pesquisadores do CNRS radicados no IRC Transitions são tratados pela Fapesp como pesquisadores vinculados a uma instituição de pesquisa paulista”.

Integram o Comitê Diretor, pelo lado da USP, o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig; a diretora da Faculdade de Medicina, Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá; e o diretor do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, Julio Romano Meneghini. Já o Comitê Consultivo é composto, da parte da Universidae, pelo ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil e professor aposentado da Faculdade de Direito, Ricardo Lewandowski, e pelo secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab.

O diretor do Escritório do CNRS na América do Sul, Liviu Nicu, ressalta que “o IRC CNRS-USP busca realizar pesquisas fundamentais no mais alto nível internacional, fortalecendo colaborações estratégicas e promovendo a interdisciplinaridade. Além disso, visa formar a próxima geração de cientistas por meio de parcerias sustentáveis e alavancar oportunidades de financiamento para enfrentar desafios globais”. Nicu é também o diretor-científico do IRC Transitions.

Liviu Nicu - Foto: LAAS/CNRS

Liviu Nicu - Foto: LAAS/CNRS

Um ano de atividades

Nos dias 9 e 10 de janeiro, foi realizado o primeiro Encontro de Alto Nível do International Research Center Worlds in Transitions, na sede do CNRS, em Paris. O encontro foi uma oportunidade para as instituições fazerem o balanço de um ano da parceria e propor a ampliação do escopo de atuação do centro incluindo novas áreas, como engenharia.

“Durante nossa visita, o CNRS, uma das instituições de pesquisa mais importantes do mundo, mostrou um grande compromisso com a promoção do conhecimento e da inovação em áreas cruciais para o futuro da humanidade, como, por exemplo, descarbonização da agricultura, tecnologia quântica, exploração sustentável dos oceanos, inteligência artificial, imunologia e ciências sociais. A apresentação de um ano dos projetos da parceria com a USP foi recebida com entusiasmo, demonstrando altíssimo nível técnico e científico, além de perspectivas promissoras para avanços conjuntos nesses temas globais”, afirmaram Eloisa Bonfá e Julio Meneghini, membros do Comitê Diretor que participaram do encontro.

Na ocasião, aproveitando a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, foi assinado um memorando de entendimento entre a USP, o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil e o CNRS, para considerar oportunidades de trabalho conjunto em temas como mineração ilegal de ouro, populações indígenas e criminalidade em áreas periurbanas no Brasil.

Os sete pilares de pesquisa

Com o nome de Worlds in Transitions, o IRC concentrará suas pesquisas em temas cruciais para o futuro da humanidade, em um momento em que transições de impacto global são constatadas em diversas áreas, promovendo o conhecimento e a inovação.

Como explica Liviu Nicu, “o IRC recebe o nome de Worlds in Transitions porque se dedica a estudar e acompanhar as grandes transições científicas, tecnológicas e sociais que moldam o mundo contemporâneo. Seu foco está na adaptação e na transformação em áreas como mudanças climáticas, transições energéticas, evolução dos ecossistemas, inovação tecnológica e dinâmicas sociais, promovendo abordagens interdisciplinares para enfrentar esses desafios”.

Inicialmente, foram definidas sete áreas principais para atuação: oceanos, tecnologia quântica, computação e dados, meio ambiente, humanidades, imunologia e descarbonização. Cada uma das áreas é coordenada por um pesquisador da USP e um pesquisador ligado ao CNRS.

Conheça um pouco mais sobre o que cada uma das sete áreas de pesquisa do Centro está desenvolvendo:


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