Entre o final de um ano e o começo do outro, é comum observar as pessoas planejando viagens para as suas férias. As promoções de fim de ano, a oportunidade de conhecer lugares novos e a chance de aproveitar o momento de descanso parecem ser importantes razões para aumentar o turismo nessa época, mas você sabia que existem outras motivações para as pessoas viajarem?
Apesar das considerações acerca do fator financeiro envolvidas na questão, Alexandre Panosso, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo, explica que também existem fatores psicológicos, financeiros, familiares e físicos imbuídos nessa discussão.
Motivações
“Compreender esses processos e as diferenças entre eles é importante para os planejadores e gestores dos destinos turísticos, pois assim eles podem criar estratégias para receber bem os turistas”, relata o especialista. Nesse contexto, Panosso revela que existem dois tipos de fatores que influenciam as demandas turísticas na compra de um serviço ou produto: os determinantes e os motivadores.
O primeiro refere-se aos aspectos que determinam os facilitadores ou as dificuldades que o indivíduo enfrenta para viajar no momento. Assim, avalia-se que esses fatores podem ser demonstrados de diferentes maneiras e apresentam diferentes naturezas, como os determinantes externos que se apresentam na opinião de amigos e parentes, o marketing turístico, as notícias veiculadas na mídia e as redes sociais.
Esses determinantes também podem ser pessoais e podem apresentar relação com algumas características, como a condição financeira do indivíduo, o estado de saúde, os compromissos familiares e profissionais, a religião, as opiniões políticas, as ideologias e outros. Dessa forma, mesmo que a questão econômica seja apontada como principal vetor de mudanças, especialistas apontam que os serviços e produtos turísticos apresentam complexidades que vão para além desse ponto.
Variantes
Panosso aponta ainda que o fator motivador também é um dos aspectos que apresentam interferência na decisão de realizar uma viagem. Em 1967, por exemplo, Raymundo Cuervo resumiu os fatores motivadores em quatro tipos: físico, associado ao descanso e à saúde; cultural, relacionado com o desejo de aprender algo novo; interpessoal, relacionado com a vontade de conhecer novas pessoas ou de visitar entes queridos; e status ou prestígio, relacionado à forma como as pessoas veem cada indivíduo.
“É raro, numa viagem específica, que um turista tenha sido influenciado por apenas uma motivação. Se observamos a nós mesmos, os principais fatores motivadores que nos levam a viajar são nossa personalidade, nosso estilo de vida, nossas experiências anteriores como turista, a imagem que temos de nós mesmos ou a imagem que queremos que as pessoas tenham de nós”, relata o especialista.
Por fim, é também importante considerar que, em viagens em grupo, a motivação de um dos membros pode influenciar os demais. Assim, o professor destaca que, antes de escolher o local para uma viagem, é importante avaliar que ambientes serão visitados e que atividades serão realizadas, levando em conta os principais fatores motivadores para o início da viagem.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
