Turista e viajante não significam a mesma coisa para o país visitado

Definições desses conceitos impactam nas decisões jurídicas, diplomáticas, comerciais e de políticas públicas

 16/02/2024 - Publicado há 3 meses
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Diferentes definições impactam no planejamento turístico das cidades – Foto: pikisuperstar/Freepik

 

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Quando se pensa em viagem, o local a ser visitado é a primeira coisa que vem à mente. Mas, para os países e comerciantes, determinar em qual categoria você se encaixa também é fundamental.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) é responsável por orientar essa categorização, principalmente pelas definições de “visitantes”, “viajantes”, “excursionistas” e “turistas”. Por exemplo, o que significa o Brasil receber cerca de 4,78 milhões de turistas entre janeiro e outubro de 2023, segundo a Embratur, e por que é importante saber esse número?

Definições

Segundo a OMT, viajante é toda pessoa que se desloca entre dois ou mais lugares que não fazem parte de seu cotidiano. Por isso, ir ao trabalho, ao supermercado ou à escola não fazem do indivíduo um viajante. Dentro da definição de viajantes existem duas divisões: a primeira é a de visitantes, que estão incluídos nas estatísticas de turismo. Já a segunda abrange todos os demais, que não são contabilizados nas estatísticas do setor.

“Um visitante pode ser um excursionista — quem fica no destino menos de um dia —, mas ele também pode ser um turista, que é aquele que fica no destino pelo tempo de, pelo menos, um pernoite”, explica o professor Alexandre Panosso Netto, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e também coordenador do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade.

Um excursionista pode ser uma pessoa numa viagem de cruzeiro, que faz visitas rápidas em portos, ou aqueles indivíduos que estão de passagem por um destino. “Se uma pessoa está em viagem aérea e faz uma conexão sem sair do aeroporto para ir a outro destino, ela não será contabilizada como turista nesse ponto da conexão. Do mesmo modo, imigrantes que saem dos seus países para buscar abrigo e melhores condições de vida noutro também não podem ser considerados turistas”, acrescenta o professor.

Alexandre Panosso Netto – Foto: Lattes

Importância

Todo esse rigor e detalhe na diferenciação desses indivíduos parece meramente acadêmico, mas não é. Saber o tipo de viagem e estadia é fundamental para que as cidades e comerciantes possam se preparar em diversos âmbitos: desde políticas públicas até questões jurídicas, passando, obviamente, pelos comerciais.

As necessidades de um visitante que só passa pelo local são diferentes daquelas de quem se hospeda, come e passeia. Essas informações são fundamentais para o estabelecimento de campanhas de marketing ou de programas de recepção e acolhimento. “O turismo é definido pela demanda, pelas pessoas que consomem os serviços turísticos e não apenas pelos produtos oferecidos”, ressalta o professor.

Produtos turísticos

Bem como o tipo de viajante, existe também o tipo de produto. Um produto é considerado turístico se um visitante o utiliza em sua viagem, independentemente da natureza do serviço. “Por exemplo, se um viajante pede um prato de comida em um restaurante durante seu trajeto, este prato é considerado um produto turístico. Saber disso é importante para, por exemplo, ter ideia do montante de recursos financeiros que o setor movimenta numa determinada região ou país”, explica Panosso.

O professor ainda comenta que os destinos turísticos mais competitivos do mundo sabem, com alto grau de confiabilidade estatística, quantos turistas e quantos visitantes recebem durante o ano, o que permite oferecer um serviço especializado e segmentado, de acordo com os interesses de quem vem de fora e na busca de manter a harmonia entre visitantes e visitados.


Boletim Ciência do Turismo

Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades-USP, Rádio USP e Jornal da USP
Produção - Alexandre Panosso Netto, Lúcia Silveira Santos, Vitor Silva Freire e Milena Manhães Rodrigues
Coprodução - Cinderela Caldeira, Julia Galvão, Alessandra Ueno, Guilherme Castro Sousa
O Boletim Ciência do Turismo vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, às sextas-feiras, no Jornal da USP no ar
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast
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