O escultor norte-americano Richard Serra, falecido no dia 26 de março, é o tema desta coluna do professor Guilherme Wisnik, que o considera um dos maiores escultores e artistas da segunda metade do século 20, tendo trabalhado com chapas de aço corten, de grandes espessuras, em seu ateliê, que era um estaleiro naval. Segundo Wisnik, Serra trabalhava muito longe da tradição manual – ele era muito mais afeito à escultura industrial, “da ideia de se dobrar e cortar chapas de grande envergadura, trazendo justamente o campo da escultura para o universo da grande escala, do peso. Ele é um escultor pós-minimalista, cuja obra remonta à tradição construtivista, que poderíamos dizer que tem início no construtivismo russo, nas vanguardas do início do século 20”.
Wisnik ressalta que “Serra é o grande personagem da primeira noção importante de site specific em escultura, que é a ideia de você trabalhar uma peça para um lugar específico, para um contexto específico, geralmente na paisagem ou em situação urbana, em que a escultura de grande escala entra rivalizando em grande medida com a arquitetura, se impondo como um objeto importante no espaço público”. Com isso, o colunista se refere a uma peça muito importante de Serra, datada dos anos 80, em Nova Iorque, a qual causou um grande incômodo na época porque barrava o fluxo de pessoas no espaço público “e que era justamente o objetivo da escultura, criar um incômodo para ativar uma percepção fenomenológica em torno dela; então, o Serra foi o grande operador dessa ideia, de que fenomenologicamente o trabalho de arte possa marcar a sua presença e através dela ressignificar o ambiente urbano”.
Wisnik encerra a coluna lembrando que esculturas do escultor podem ser vistas no edifício do Instituto Moreira Salles, na Avenida Paulista: “duas peças monolíticas de aço, que sobem até a cota do térreo, lá no quinto andar, então recomendo muito que as pessoas possam verificar isso”.
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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