Os agentes econômicos que reagem a incentivos

Quando uma sociedade deixa muitas brechas ou quando as regras não são boas, as pessoas acabam agindo de forma a tentar obter uma renda sem produzir

 29/11/2023 - Publicado há 5 meses
Por

Logo da Rádio USP

Quando se pensa nesse conceito de que os indivíduos reagem a incentivos, isso quer dizer que  os agentes econômicos (famílias, empresas,  governo) estão em um ambiente que é regulado por regras e essas regras são as leis –  as regras que existem nas diferentes instituições que a gente interage  – e a cultura, que valoriza algumas coisas em detrimento de outras. Então, todo esse conjunto acaba influenciando bastante como as pessoas acabam agindo, como elas se comportam. Isso é muito importante, porque, muitas vezes, por mais básico que seja  as pessoas não percebem isso ou não levam em conta, até na formulação de regras, na formulação de novas leis  – quando você muda uma lei, isso vai mudar o comportamento das pessoas. E, se for mal desenhada, essa nova lei pode piorar uma situação, porque muitas vezes quer aproveitar uma relação que existe entre duas variáveis, mas você se esquece que, quando você muda alguma coisa, a relação vai mudar também.

Quando você tem regras que são favoráveis ao investimento, capital físico e capital humano em esforços de inovação, produção de novas tecnologias ou aquisição de tecnologias que foram desenvolvidas em outros lugares, você tende a ter uma sociedade que é mais próspera tanto em termos econômicos quanto sociais, porque as duas coisas estão muito interligadas. Quando você tem uma sociedade onde existem muitas brechas ou que as regras não são boas, as pessoas acabam agindo de forma a tentar obter uma renda sem produzir, que pode ser via roubo, furto,  sequestro, golpes e pode ser até de forma legal, como a questão do lobby, que são empresas influenciando o governo para obter favores. Isso não gera valor. Estão alocando recursos em atividades que não vão aumentar a produção de bens e serviços na economia, vão só tentar obter uma renda que está sendo gerada, algum produto que está sendo gerado em outro lugar  sem produzir, estamos colocando recursos que poderiam ser produtivos em atividades não produtivas, o que acaba até desestimulando quem produz, porque eles produzem e acabam perdendo parte da produção por essas atividades que não estão gerando valor, mas que eles conseguem renda a partir de alguma atividade lícita ou ilícita de transferência de renda que outras pessoas, outros agentes estão produzindo.

A gente pode falar da questão do lobby, mas é questão de litígio também, muitas pessoas acabam, quando você tem essas possibilidades, entrando com processo contra empresas etc., não porque elas se sentem lesadas, mas muitas vezes para conseguir uma renda de forma não produtiva. E as instituições, elas não são só as regras, se elas são boas ou se elas são ruins, mas de todo o arcabouço institucional que faz com que essas regras de fato sejam críveis, todo um sistema judiciário, o sistema policial, investigativo, penitenciário, pensar nessas regras, nesse conjunto de regras e todo o aparato que faz com que elas sejam válidas, é fundamental para tentar  estimular o crescimento e desenvolvimento econômico e social de um país.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.