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“Até quando vamos sustentar a ilusão de que o mercado de livros pode jogar o jogo da livra concorrência?” pergunta a professora Marisa Midori, abrindo sua coluna Bibliomania desta semana. Segundo ela, é necessário pensar, seriamente, na adoção de políticas públicas para o livro. “A crise atual do mercado escancara as fragilidades desse setor. Precisamos assumir, de uma vez por todas, como fizeram vários países, tomando como modelo a França, na década de 80, que o livro não é uma mercadoria como qualquer outra”, alerta.

A professora explica o motivo de seu desabafo: “Saiu nesta semana o resultado da pesquisa sobre o comportamento do mercado editorial (produção e vendas) relativo ao ano de 2020, realizada pela Nielsen, com apoio do SNEL (Sindicato Nacional dos Livros) e da CBL (Câmara Brasileira do Livro)”. Como aponta a pesquisa, informa, a produção de livros, em números de exemplares, caiu 20,5%. “Acontece que 82% da produção corresponde a reimpressões, ou seja, apenas 18% são de títulos novos – os editores se arriscaram pouco em lançamentos, o que significa uma queda de 17,4% em relação à publicação de títulos novos em 2019”, compara. Além disso, diz, a produção de livros didáticos caiu 11%.

“No entanto, o quadro se torna ainda mais grave quando percebemos que não houve apenas a queda da produção de livros didáticos, a qual, historicamente, é alicerçada pelo Estado. As compras governamentais, de modo geral, caíram 28,4% em relação a 2019. É verdade que o setor está periclitando desde o golpe de 2016, mas ninguém duvida que a queda livre reflete, na verdade, o desmonte das políticas públicas em prol da leitura”, aponta. A professora ainda reitera que não se pode tratar o livro como se fosse uma mercadoria qualquer e antecipa que vai abordar novamente o assunto na próxima coluna.

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