Blog

Nesta coluna, José Eli da Veiga comenta aquilo que considera uma decisão histórica e que não teve, em sua opinião, a merecida repercussão “por ser uma coisa mais restrita ao ambiente científico e, particularmente, ao ambiente das geociências. É que os geólogos, através da organização que eles têm em âmbito internacional, que é a União Internacional de Ciências Geológicas, houve uma decisão importante de não concordar ou de rejeitar proposta que  já tem vinte e poucos anos, mas que só começou a ser discutida a sério dentro dessa União dos Geólogos há uns 15 e que, depois de imensos trabalhos de uma instância que foi criada pela própria União para examinar a proposta, decidiu que não há ainda razões para que se considere o fim do Holoceno e que se comece a falar em uma nova época chamada Antropoceno, algo com o que a maior parte das pessoas já está absolutamente acostumada”.

O colunista confessa sua surpresa com essa decisão, sobretudo depois de tanto trabalho e da criação de um consenso em torno do tema. “Eu aguardava uma decisão do congresso e imaginei que fosse para confirmar, ficamos sabendo, dentro da comissão que foi criada para examinar a proposta, antes do congresso, em ampla maioria, houve uma consideração que não faz muito sentido essa decisão. O que eu queria principalmente aproveitar para dizer é que, enfim, isso é muito importante no âmbito dos geólogos, no âmbito da história, dos historiadores e, principalmente, da história ambiental, que se desenvolveu muito nos últimos anos e que se serve demais da história social, da história econômica, não há dúvida de que, na verdade, antes de falar em Antropoceno, já se falava na grande aceleração e foram muitos os pensadores que perceberam que, a segunda metade do século 20 em diante, o estrago que a humanidade pode exercer, principalmente sobre a biosfera, é tão grande que, sim, é correto falar que estamos, sei lá, entre 70 e 80 anos, nós estamos no Antropoceno.” 

.