“Hallyu”: a cultura sul-coreana causando impactos no turismo

A força da Coreia do Sul na área cultural acaba por interferir nos mais diversos setores, inclusive no turismo

 17/11/2023 - Publicado há 6 meses
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Hallyu tem impacto no turismo – Imagem: Reprodução/Aucani

 

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Shining through the city with a little funk and soul/ So I’ma light it up like dynamite.” A maioria das pessoas antenadas nas rádios conseguiu identificar esse trecho — e até imaginar o som —  da música Dynamite, do grupo sul-coreano BTS. Os integrantes e o que eles representam dentro do cenário musical são fatores da onda da cultura da Coreia do Sul pelo mundo, chamada de hallyu.

Mas, além da música, que tem diversos outros contribuintes como PSY, o Blackpink, Aespa, NCT, Stray Kids, IU, NewJeans, entre outros, as séries e o cinema sul-coreano têm ganhado destaque internacional. 

Dos doramas ao Oscar

A palavra dorama vem da pronúncia japonesa de drama e refere-se, basicamente, aos seriados televisivos e de plataformas de streaming japoneses do gênero drama. Embora os sul-coreanos nomeiem suas produções de drama, dorama foi a palavra que ficou mais conhecida ao se referir aos dramas originados, sobretudo, na Coreia do Sul.

Round 6, Nosso Eterno Verão, Pousando no Amor: todos fazem parte dos doramas mais famosos produzidos pela Coreia do Sul. Já no mundo dos filmes, em 2020, Parasita ganhou quatro estatuetas no Oscar, incluindo a de melhor filme, marcando a história como a primeira produção não falada em língua inglesa a vencer nessa categoria.

Mas esse impacto não se limita às telas e às rádios: a hallyu também impacta o turismo!

Soft power, mas nem tão soft

O soft power é um termo utilizado ao falar da influência e importância que um país tem no cenário internacional sem o uso de violência. Ele se contrapõe ao conceito de hard power, que tem muito a ver com a presença da força militar como régua de poder.

A Coreia do Sul é um dos maiores exemplos, já que ela não é uma potência militar, mas tem muita força no quesito cultural. Soft significa fofo, brando, em inglês, porém, conforme os números econômicos fortemente influenciados por esse “poder” sul-coreano, vê-se que não é nada soft. No turismo, estatísticas de 2017 mostraram que um a cada 13 turistas que visitaram a Coreia do Sul foram inspirados pelo BTS. Eles ainda contribuem com a economia sul-coreana com mais de US$ 3,6 bilhões todos os anos, conforme o Hyundai Research Institute

Os turistas não visitam o país somente por conta das atividades ligadas de forma direta aos conteúdos que já conhecem, eles também ficam atraídos pela cultura tradicional do país. Para a pesquisadora Ana Maria Romeiro, da Universidade de Brasília, existe um fenômeno chamado de “turista hallyu”: seriam aqueles que seguem os passos dos famosos, principalmente grupos de korean pop. Eles visitam cafés, restaurantes, locais de filmagens de clipes onde seus ídolos já estiveram.

Além da popularidade cultural — que é um dos principais fatores para o soft power —, é preciso ter uma estrutura de promoção turística para criar estratégias que aproveitem esse potencial de público. Com o exemplo coreano, pode-se pensar: o Brasil já é uma referência global na exportação de conteúdos como telenovelas e músicas, um plano estratégico e incentivos adequados, unindo o planejamento turístico e criadores culturais, poderia criar uma onda brasileira?

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


Boletim Ciência do Turismo

Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades-USP, Rádio USP e Jornal da USP
Produção - Alexandre Panosso Netto, Lúcia Silveira Santos, Vitor Silva Freire e Milena Manhães Rodrigues
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