Conservar a cultura alimentar dos povos tradicionais beneficia a população como um todo

O conhecimento da biodiversidade de espécies alimentícias serve para o desenvolvimento de medicamentos e enriquece a dieta da população

 13/11/2023 - Publicado há 11 meses     Atualizado: 17/11/2023 às 12:02
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A cultura alimentar remete à diversidade de crenças e práticas vinculadas aos sistemas alimentares que são construídos ou partilhados no interior de uma sociedade – Imagem: Freepik

 

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O conceito de cultura remete à diversidade de crenças e práticas que são construídos ou partilhados no interior de uma sociedade. Isso não é diferente para os sistemas alimentares: quando essas ideias e práticas tocam o universo da alimentação, chama-se cultura alimentar. 

“Especificamente sobre sistemas alimentares tradicionais, que são aqueles em que as pessoas plantam e colhem o que comem, há cada vez mais evidências de seus inúmeros benefícios, o que inclui a diversidade de alimentos consumidos e a qualidade da dieta, com uma diversidade maior de nutrientes importantes para a nossa saúde”, diz Michelle Jacob, nutricionista e parceira do Núcleo de Extensão Sustentarea da Faculdade de Saúde Pública da USP.

A transmissão de conhecimentos sobre a biodiversidade e cultura constrói os sistemas alimentares dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, entre outros. Para isso, é importante registrar conhecimento deles sobre quais alimentos são comestíveis na natureza e como prepará-los. Para Michelle, um passo importante para resguardar essa cultura é cuidar dessas pessoas.    

“Um exemplo do que pode ser feito é apoiar a luta de povos indígenas pela demarcação de suas terras. Esse é um caminho importante para resguardarmos essa cultura e, logo, o conhecimento, que tem potencial de beneficiar a toda a humanidade, incluindo as pessoas não indígenas”, diz a nutricionista.  

Efeitos para toda a sociedade 

Michelle Jacob – Foto: Reprodução/Sustentarea-FSP/USP

A proteção e conservação desses conhecimentos tem potencial para quebrar barreiras culturais e beneficiar toda a sociedade. Pesquisas desenvolvidas sobre a diversidade de plantas, cogumelos, algas e animais silvestres beneficiam tanto os povos indígenas quanto a população em geral, que pode aprender sobre alimentos pouco conhecidos. 

Os povos tradicionais detêm o conhecimento sobre o valor nutricional desses alimentos, como o que de vitaminas e minerais estão presentes neles. A implementação desse conhecimento na dieta do dia a dia da população enriqueceria a alimentação. 

“Uma vez que a partir do conhecimento da biodiversidade desenvolvemos um novo medicamento ou descobrimos um novo alimento, esse conhecimento tem o potencial de beneficiar a todos”, diz Michelle.  

A medicina indígena, por exemplo, não é descartada hoje por cientistas. Isso porque alguns medicamentos amplamente utilizados hoje e comercializados em farmácias surgiram com o conhecimento dos povos tradicionais, como os princípios ativos usados para tratamento da malária

 

*Estagiária sob supervisão de  Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


Boletim Alimentação e Sustentabilidade

Parceria: Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, Rádio USP e Jornal da USP 
Produção: Professor Ricardo Abramovay, Estela Sanseverino e Nadine Marques
Coprodução: Cinderela Caldeira, J. Perossi e Felipe Bueno
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast
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