No Espaço em Obra desta semana, o professor Guilherme Wisnik analisa o processo eleitoral recém-findo. Para ele, está mais que claro a derrota da esquerda e uma dominância da direita, seja pelas facções da extrema-direita, seja pela direita fisiológica chamada Centrão. “Temos uma política partidária no Brasil montada, desde o fim da ditadura, a partir dos partidos de direita. Demorou muito para a esquerda conseguir uma organização mínima. Passada a eleição do Collor, vimos uma hegemonia de 30 anos de social democracia e trabalhismo, o que deu uma falsa impressão que a ditadura era uma página virada e que havia uma evolução progressiva da democracia no Brasil; no entanto, esta eleição e as últimas têm mostrado uma ideia bem diferente.”
Segundo Wisnik, o panorama diferente é que as forças retrógradas brasileiras, o componente escravista, o latifundiário moralista fizeram um arranjo quando perceberam que a esquerda no poder estaria virando uma espécie de dinastia. “Começou com o impeachment da ex-presidente Dilma, e o governo Temer fez a transição para uma situação de direita na qual se implantou o chamado orçamento secreto, emendas impositivas, que asfixiaram o presidencialismo de coalizão, desviando uma grande quantidade de verba, que saiu das mãos de uma politica de Estado e foi para todos os fisiologismos possíveis, alimentando uma máquina eleitoral gigantesca e inviabilizando um governo de esquerda na Presidência da República. A atual administração do Lula não consegue mais governar porque está estrangulada internamente. Vivemos uma situação absolutamente claustrofóbica no País.”
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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