A preocupação com o orçamento da União de 2021 se estende e agora soma-se a uma preocupação referente ao orçamento dos próximos anos. No projeto que estabelece as diretrizes para o orçamento de 2022, enviado para o Congresso na semana passada, o governo estipulou uma meta fiscal de rombo de mais de R$ 170 bilhões. Assim, 2022 será o nono ano consecutivo de déficit nas contas públicas.
Segundo o professor José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o problema do orçamento é consequência de acordos para a eleição de Arthur Lira, principalmente, de acordos relativos à PEC Emergencial e do presidencialismo de coalizão. Por isso, não é um problema pontual nem se deve à atual crise sanitária: “Como a sociedade não costuma acompanhar o orçamento, tudo vai ficar na conta da pandemia, mas não é esse o caso: a questão é estrutural e histórica, relativa à confecção do orçamento, e agora é agravada por esses acordos, que viram emendas”, afirma Portella.
O professor afirma que a situação é irônica, pensando na proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de acabar com o déficit fiscal em um ano. Portella também indica que a possibilidade de substituição de Paulo Guedes é outra consequência grave: “No começo, ele era visto como insubstituível. E agora, mesmo com os erros que tem cometido, é visto pelo mercado como um sustentáculo de defesa contra um maior desequilíbrio do déficit fiscal”.
Portella explica que a situação acarretará problemas em 2022, porque, por ser ano eleitoral, “haverá uma briga maior que o dinheiro; será uma briga distributiva”. “Então, tudo isso complica o problema do orçamento. Nós temos um grande problema, que já ultrapassou o mês de março e se estende a abril”, destaca.
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