“As políticas públicas serão afetadas como consequência no orçamento de 2023 dos gastos deste ano, sobretudo se houver mudança de governo”, afirma o professor José Luiz Portella. “Quando o governo enviou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no meio do ano de 2021, mandou com déficit de R$ 70 bi, o Congresso reviu e passou o déficit para R$ 79 bi. O governo subestimou certas receitas, uma forma para depois ter mais dinheiro. O orçamento de 2022 foi feito em 2021 pensando nas eleições”, descreve o professor. Segundo ele, que é doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, essa diferença de valor o governo vai utilizar e não economizar. “O boom das commodities que favoreceu o Brasil e o aumento da inflação são fatores que aumentam a arrecadação”, explica o professor.
Em 2023, vamos ter dificuldade: vai ter rubrica que vai ter menos dinheiro ou mais do que precisa em função de 2022. A questão orçamentária tem a relação das rubricas: às vezes esconde orçamento, outras vezes exagera. Isso vai gerar fragmentos e buracos no orçamento e nas políticas públicas. Caso assuma outro governo, haverá uma mudança institucional com outras pessoas e novas diretrizes. Essa mudança ocorre durante o ano, simultaneamente à execução orçamentária. Ano que vem as políticas públicas vão sofrer o impacto da continuidade das políticas públicas.