No final de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por unanimidade regras que devem banir o uso de gorduras trans até 2023. É essa gordura que permite o aumento do colesterol ruim, o LDL, causando doenças circulatórias como infarto e AVC, além de problemas nos rins e no fígado. O Jornal da USP no Ar conversou com o professor Jorge Mancini Filho, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.
“A indústria está preocupada e em busca de formas para reduzir a gordura trans em alimentos”, afirma o professor. O setor necessita de uma gordura sólida, que hoje é a vegetal hidrogenada, com grande quantidade de ácidos graxos trans, a chamada gordura trans.
Sendo um processo de modificação de lipídios, a interesterificação permite a eliminação de gorduras trans. Segundo o professor, a indústria tem um canal com as universidades que realizam pesquisas constantes com objetivo da diminuição ou eliminação da gordura trans que garante a estabilidade em alimentos como sorvetes e margarinas. Ele também elogia a Anvisa, que está monitorando essa redução sem causar danos na indústria, dando um prazo de adaptação para a mudança, como o que já ocorreu em Nova York, por exemplo, com grande êxito.
Na segunda parte do episódio, você acompanha detalhes da ajuda humanitária do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) a vítimas de um acidente em Lima. O Brasil doou 20 mil cm² de pele humana para vítimas de uma explosão ocorrida no Peru. Metade da doação foi do Banco de Tecidos da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Instituto Central do HC. “Foi um momento de retribuição. O Brasil teve um momento muito grave em 2013, com o incêndio da Boate Kiss no Rio Grande do Sul, e teve auxílio de diversos países [vizinhos] recebendo pele”, conta André Paggiaro, responsável pelo Banco de Tecidos do HC, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Ao todo, o Brasil possui quatro bancos de tecidos, localizados em São Paulo-SP, Curitiba-PR, Rio de Janeiro-RJ e Porto Alegre-RS. Foi da capital gaúcha que vieram os outros 10 mil cm² de pele, possível graças à rápida ação e consulta ao Sistema Nacional de Transplantes. Para realizar o transporte, foi necessária uma grande ação que interligou os bancos de doação do País e a montagem de caixas para garantir a integridade do material.
O tipo de pele doado foi a alógena, de doadores que vieram a óbito, que serve como curativo biológico. O uso dessa pele ajuda no tratamento de quem sofreu queimaduras entre duas e três semanas, até que seja possível o uso da pele autógena, ou seja, pele do próprio corpo do paciente retirada de uma área não atingida. Não são raros os acidentes, individuais ou em grupo, que levam ao uso de pele para queimaduras, por isso, é muito importante que haja bancos com grandes estoques e que seja feita a doação desse órgão.
“Em geral, as pessoas têm muito medo em doar pele, tendo mais facilidade para doar outros órgãos, como fígado e rins. A pele só é retirada de áreas que ficam escondidas e é uma camada fina. A importância dessa doação é muito grande e salva muitas vidas.”
Não se esqueça, essas e outras entrevistas você acompanha de segunda a sexta, das 7h30 às 9h30, na Rádio USP 93,7 em São Paulo, e 107,9 em Ribeirão Preto e streaming. Você pode baixar o podcast e ouvir a qualquer hora, acessando jornal.usp.br ou utilizar seu agregador de podcast preferido, no Spotify, iTunes e CastBox.
Apresentação e produção: Roxane Ré
Edição de Som: Cido Tavares