Um drible bem-sucedido é, por vezes, mais bonito que um gol. E o que faz o sucesso de um drible no futebol foi tema de uma pesquisa de doutorado realizada na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. “A habilidade de driblar envolve, no mínimo, um atacante e um defensor. E o objetivo do atacante é enganar o defensor e ultrapassá-lo sem perder a posse da bola”, explicou a professora de Educação Física Silvia Letícia da Silva, que foi a entrevistada desta quinta-feira (10) no podcast Os Novos Cientistas.
Sob a orientação do professor Umberto César Correa, da EEFE, Silvia defendeu a pesquisa de doutorado intitulada As habilidades de driblar e não ser driblado no futsal e no futebol com base no tempo de reação e na antecipação. Para realizar esse estudo, ela filmou cinco jogos de futsal, com jogadores entre 15 e 16 anos de idade e diferentes níveis de experiência, e dois jogos de futebol de campo, sendo um do campeonato brasileiro da categoria sub-17 e o outro do campeonato paulista série A1. O objetivo do estudo foi investigar as hipóteses de que o sucesso em driblar e não ser driblado estariam relacionados, respectivamente, ao aumento do tempo de reação e à antecipação do defensor no futebol e no futsal.
As filmagens permitiram a Silvia classificar os dribles em três categorias: simples, escolha e PPR (Período Psicológico Refratário). “Num drible simples, o atacante muda a direção da bola. Como num chapéu, por exemplo”, descreveu a pesquisadora. O defensor, nesse caso, segundo Silvia, tenta acompanhar a direção da bola. Já num drible da categoria escolha, Silvia deu como exemplo o chamado “drible da vaca”, onde a bola vai para um lado e o atacante para outro. “O drible PPR é aquele que envolve dois movimentos de forma sequencial. Quando o defensor começa a responder ao estímulo de ir para um lado, o atacante muda a direção”, explicou a professora, destacando que esse tipo de drible foi a marca registrada de Garrincha, um dos maiores dribladores do futebol brasileiro.