Grupo de Leitura Romanesco lê ‘Neuromancer’, de William Gibson

Criado em 2022 por estudantes de Letras da USP, grupo recebe alunos de diferentes faculdades da Universidade interessados em literatura

 25/03/2024 - Publicado há 1 mês
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Foto: Divulgação/Aleph

Criado em 2022, o Grupo de Leitura Romanesco deu início às suas atividades em 2024 com a leitura da ficção científica Neuromancer, do escritor canadense William Gibson. O próximo encontro está previsto para o dia 1º de abril, às 18 horas, na sala 212 do prédio de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, quando será concluída a leitura da obra de Gibson, publicada originalmente em 1984 e lançada no Brasil em 1991 pela Editor Aleph. O livro, que pertence ao gênero cyberpunk, começou a ser lido pelo grupo no encontro realizado no dia 18 passado, com mediação de Vitor Rosasco, mestrando em Estudos Literários e Culturais da FFLCH. A segunda leitura do ano já está programada: nos dias 29 de abril e 13 de maio, no mesmo local, o grupo vai ler outra ficção científica, Kentukis, da escritora argentina Samanta Schweblin. A participação nas atividades gera um certificado de horas complementares para os alunos.

Fundado por um grupo de estudantes do curso de Letras da FFLCH, o Romanesco surgiu de um desejo dos alunos de ter espaços onde pudessem ler romances e conversar sobre eles. É o que conta Gabriel Carra, mestrando em Letras Estrangeiras e Tradução da FFLCH. “Na sala de aula, existe uma estrutura vertical e uma leitura específica a ser passada. Tentamos trazer uma horizontalização da leitura, colocando o leitor como peça estruturante da própria literatura”, diz Carra.

Guilherme Vasconcelos – Foto: Arquivo pessoal

A organização do grupo de leitura conta, hoje, com uma estrutura que varia de seis a oito membros. Um deles é Guilherme Vasconcelos, que já atuou como mediador e repetirá a função com Kentukis. Ele relata que um dos objetivos do Romanesco é “fazer com que os alunos possam trazer seu repertório, suas opiniões e análises que talvez não fizessem em aula devido a alguma insegurança”. Esse conceito também é passado aos mediadores, para que, em vez de uma visão de “autoridade”, haja um maior incentivo ao engajamento dos estudantes nas discussões. “A ideia não é corrigir, mas direcionar as pessoas a pensar mais”, explica Vasconcelos, citando Neuromancer como um livro que, por ter a tecnologia como tema, pode trazer discussões relevantes para os dias atuais.

Paixão pela literatura

Para facilitar a discussão, os organizadores do grupo convidam mediadores que já tenham conhecimento do livro a ser lido, visando, inclusive, à formação desses mediadores. “A mediação de leituras não é uma instituição à parte, mas sim uma ferramenta que pode servir para a pessoa aplicar em diversas outras áreas da vida dela, assumindo um caráter formativo para os mediadores, como um laboratório”, analisa Carra.

Gabriel Carra – Foto: Arquivo pessoal

A escolha das obras é feita pelos mediadores, cujo trabalho e pesquisas costumam estar relacionados ao livro em questão. No caso de Vitor Rosasco, ele até já deu um curso a respeito de Neuromancer. Mas nem sempre foi assim. Rosasco revela que, no início, os estudantes votavam o título a ser lido. “Era um processo democrático. Só que houve uma vez em que o livro votado foi Os Irmãos Karamázov, de Dostoiévski, que tem cerca de 1.200 páginas. O resultado foi que a leitura durou um semestre inteiro e os últimos encontros estavam esvaziados, porque as pessoas se esgotaram de ler o mesmo livro por tanto tempo.”

Gabriel Carra conta que, no novo formato, o grupo conta com um quórum fixo que varia de dez a 15 pessoas, mas que, com os novos membros, já chegou a promover encontros com até 40 leitores. Os estudantes são, em sua maioria, de Letras ou de outros cursos da FFLCH, mas também há frequentadores de outras faculdades da USP. “Já tivemos gente de biologia, de física, de matemática e de jornalismo. Uma característica interessante dessas pessoas é que elas demonstram uma grande paixão pela literatura, seus olhos brilham. E isso é muito gratificante para quem faz a mediação”, comemora Carra.

Para atingir os alunos da Cidade Universitária, o Romanesco conta com uma divulgação feita por três vias principais: a colagem de cartazes no campus, com destaque para as áreas próximas à FFLCH, uma conta de e-mail e as redes sociais, com ênfase no Instagram. Tanto os cartazes como o Instagram do Romanesco têm um QR Code que dá acesso a um formulário de inscrição, além de um link para o Whatsapp do grupo.


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