Debates na USP reúnem pesquisadores para discutir o futuro da ciência no Brasil

Encontro comemorativo aos 90 anos da USP encerrou ciclo de quatro eventos que avaliaram cenários e apontaram propostas para o desenvolvimento da pesquisa e da inovação

 Publicado: 04/07/2024
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O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda participaram da abertura do seminário Caminhos para a o Futuro da Ciência e destacaram o papel da Universidade nas transformações sociais – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Ocorreu no dia 3 de julho, no Auditório Safra da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, o quarto e último evento do ciclo acadêmico Futuro da Ciência no Brasil

A série foi promovida pela Reitoria como parte das comemorações pelos 90 anos da USP, com o objetivo de discutir cenários, propostas e avaliações a respeito da pesquisa e da inovação no futuro do Brasil. Ao longo dos seminários, o público pôde conhecer melhor a ciência produzida pela Universidade e entender melhor como ela beneficia a sociedade.

Com o tema Caminhos para o Futuro da Ciência, a programação deste último encontro foi coordenada pelo pró-reitor de Pesquisa e Inovação da USP e professor do Instituto de Física (IF), Paulo Nussenzveig, e foi dividida em três mesas, que abordaram as diferentes perspectivas sobre o assunto. Na abertura do evento, Nussenzveig explicou que os princípios do evento estavam ligados às capacidades e competências que a Universidade possui: “Temos um número expressivo de pesquisadores entre os mais influentes do mundo, o que mostra nossa relevância mundial. Mas, ao comemorar nossos 90 anos, queremos ir além de simplesmente celebrar, então assumimos nossa responsabilidade de promover as mudanças necessárias para os próximos 90 anos e encaramos o desafio de usar os feitos do passado como degraus para alavancar o futuro. Por isso, buscamos reunir aqui personalidades científicas influentes que nos ajudem a refletir sobre esse futuro e pensar sobre os caminhos para aumentar ainda mais a nossa relevância e a nossa aproximação com a sociedade, fazendo com que os avanços científicos se traduzam em impacto com uma inovação que não deve ser apenas tecnológica ou de resultados econômicos”. 

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A busca pelo protagonismo foi destacada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior: “A sociedade espera da USP um papel ativo de colaboração com o sistema de ciência, tecnologia, inovação e ensino superior do Brasil. Por isso, é necessário que a gente discuta e proponha transformações que promovam a melhoria da produção científica”. Em relação ao ambiente de pesquisa e inovação da Universidade, Carlotti deu alguns exemplos de mudanças que estão sendo implementadas: “Uma das maiores preocupações desta gestão tem sido com o tempo de formação na pós-graduação. Nossos estudantes estão se titulando com a idade média de 38 anos e ingressando na carreira docente em média aos 43, o que representa um tempo de cerca de dez anos superior à média europeia, norte-americana ou asiática. Esses pesquisadores estão perdendo anos produtivos preciosos. Precisamos tornar nossa pós-graduação mais intensa e atrativa. Ao mesmo tempo, estamos investindo fortemente em condições de pesquisa com a formação de coordenadores de projetos, construção de novos espaços e grandes infraestruturas, como um suporte computacional de alto desempenho para inteligência artificial que atenderá a projetos de todas as áreas”.

Para a vice-reitora, Maria Arminda do Nascimento Arruda, trata-se de uma discussão cada vez mais necessária: “A formação das mesas proposta nesse evento favorece a reflexão sobre o lugar da ciência no Brasil e no mundo para que possamos entender melhor qual o sentido social da Universidade e da ciência que produzimos aqui. Uma ciência para quem e para quê? Sabemos que uma parte relevante do conhecimento é cristalizada no âmbito das universidades ou por seus egressos, mas o que deve ser feito com tudo isso? Devemos buscar os caminhos fundamentais para pensar o lugar da ciência, como financiá-la e qual seu impacto social e seus efeitos para o bem e para o mal”. 

O coordenador do evento e pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, propõe ir além da celebração pela relevância que a USP ganhou em seus 90 anos: para ele, é preciso promover uma reflexão com propostas para o futuro – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A primeira mesa, sobre a Posição Atual da Ciência Brasileira e Reflexões sobre o Futuro, reuniu o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, Vahan Agopyan; o vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Glaucius Oliva; o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine e os professores Jean Paul Metzger (Instituto de Biociências), Alicia Kowaltowski (Instituto de Química) e Adriano Andricopulo (Instituto de Física de São Carlos). A professora Ana Paula Tavares Magalhães, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, ficou responsável pela relatoria.

Intitulada Como Alavancar as Ações das Agências de Fomento?, a segunda mesa foi formada pelo diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Carlos Alberto Aragão; o diretor científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Olival Freire Junior; o diretor para a América do Sul do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), Liviu Nicu, e os professores Leticia Lotufo (Instituto de Ciências Biomédicas), Ximena Villagran (Museu de Arqueologia e Etnologia), Orestes Forlenza (Faculdade de Medicina) e Marcelo Amato (Hospital das Clínicas), com relatoria de Carlos Navas (Instituto de Biociências). 

Por fim, a última mesa teve o tema Como Aproximar os Avanços Científicos de Ações para Promover Impacto na Sociedade?, com o assessor da Diretoria Regional do Senai São Paulo, Osvaldo Lahoz Maia; o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Francisco Saboya; o diretor de Pesquisa de Novos Negócios do Grupo Jacto, Tsen Chung Kang; o atual titular da Cátedra Erney Plessmann de Camargo da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP, Luis Moreno Ocampo; a presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz e o professor titular do Instituto de Física da USP, Nestor Caticha; além dos professores Sergio Adorno (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas); André Ponce de Leon (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação) e a atual titular da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Bernadete Gatti. A relatoria foi de Norberto Peporine, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto.

O resultado das discussões, organizado pelos relatores e pela coordenação do evento, será disponibilizado em breve em uma publicação.

Público pôde acompanhar mesas de debates com a participação de pesquisadores influentes e representantes de instituições científicas; evento ocorreu no Auditório Safra da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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