O Conselho Universitário (Co) da USP realizou nesta terça, dia 24 de outubro, uma sessão especial, temática, com foco no tema Inclusão e Pertencimento. A reunião faz parte de uma programação, que vem ocorrendo ao longo do ano, com discussões dedicadas às Pró-Reitorias da Universidade.
Na abertura, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior explicou que a proposta tem o intuito de aumentar o nível de conhecimento da comunidade acadêmica a respeito do que está sendo feito em cada Pró-Reitoria para facilitar a implantação de políticas nas unidades, ao mesmo tempo em que “se esperam avaliações e sugestões, contribuindo para uma construção conjunta de políticas universitárias em todas as áreas”. Em relação à Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Carlotti destacou o fato de esta ser a mais nova na estrutura universitária, com apenas um ano e meio de implantação. “Esta proposta ainda não foi plenamente compreendida por todos e este não é um assunto terminado na Universidade. Nós começamos um trabalho e ele vai trazer frutos nos próximos anos”, explicou.
Ao longo do dia, apresentações foram feitas pela pró-reitora, Ana Lúcia Duarte Lanna, com a participação da pró-reitora adjunta, Miriam Debieux Rosa, e dos assessores e diretores da PRIP. Além de um panorama dos eixos de trabalho da Pró-Reitoria, as discussões abordaram o significado das ações, suas concepções e seus limites no âmbito da promoção da diversidade, inclusão e participação na Universidade, além de desafios ligados à sub-representação de determinados grupos, como estudantes e professores negros, indígenas e mulheres, e como esse espaço de diversidade garante maior excelência à Universidade e fornece uma base para a compreensão da pluralidade de ideias e conhecimentos, incluindo sua produção, distribuição e intercâmbio social com a sociedade.
Ana Lúcia expressou que existe, por parte da PRIP, uma preocupação de como fazer uma transformação sem deixar de ser uma universidade. “Este é um desafio muito grande e a construção das nossas questões e das nossas proposições cotidianas leva em conta o fato de não sermos uma Pró-Reitoria de ação afirmativa ou de assistência social, mas uma Pró-Reitoria no âmbito da gestão universitária. Por isso, nos atentamos a quais são os parâmetros que temos que construir, porque eles nos são demandados, nos são impostos e nos são cobrados pela sociedade à qual devemos responder”, considerou.
Uma linha do tempo foi o ponto de partida para o público ter uma dimensão da abrangência do escopo de atuação da PRIP e como cada uma das áreas já conseguiu propor e realizar uma série de ações ao longo dos últimos 18 meses.
Foram apresentados, também, os resultados da pesquisa Questionário PRIP: Inclusão e Pertencimento na USP, realizada entre agosto e setembro de 2022, que coletou informações da comunidade universitária relacionadas à sua experiência acadêmica e profissional, experiências pessoais, percepções, inserção e pertencimento no ambiente institucional, além de dados sociodemográficos e saúde física e mental.
Um total de 13.795 respostas deram origem ao mais completo mapeamento sobre a comunidade USP até o momento. Os resultados podem ser consultados aqui e mostram tanto as percepções positivas que a comunidade tem acerca de sua relação com o ambiente da USP quanto os desafios que precisam ser enfrentados.
Assuntos muito presentes nas discussões sobre o cotidiano universitário, os restaurantes universitários, conhecidos como Bandejões, e o Conjunto Residencial da USP (Crusp) também foram objeto de relatórios específicos.
O documento sobre as moradias estudantis (disponível aqui) destaca a grande transformação pela qual os edifícios estão passando. A pró-reitora informou que foi feita uma opção de atacar pontualmente os problemas diagnosticados e não um retrofit completo dos prédios, o que viabiliza a permanência dos moradores durante o processo.
Assim, já foram feitas recuperações importantes em áreas como cozinhas, lavanderias e bicicletários, além de trocas de colchões, mobiliários e interfones e um processo completo de descupinização. Tais ações resultam em um ganho de qualidade de vida aos moradores e seguirão ocorrendo. Além disso, foi apresentado o trabalho de adequação na ocupação dos dormitórios, com uma série de negociações e diálogos que estão permitindo a gradual retirada de moradores não vinculados à USP e consequente liberação de novas vagas para o efetivo público-alvo desses espaços, que são os estudantes da Universidade.
No caso dos restaurantes (relatório disponível aqui), o destaque é para a quantidade de refeições oferecidas. O Bandejão Central oferece café da manhã, almoço e jantar de segunda a sexta-feira, e café da manhã e almoço aos finais de semana, de modo que apenas duas refeições semanais ainda não estão cobertas.
O Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE) também foi enfatizado e os números consolidados e estatísticas estão disponíveis aqui. Algumas novidades sobre o programa foram apontadas, como a preocupação com a previsibilidade e estabilidade do auxílio ao longo do período em que o estudante permanece no curso, a elaboração de uma lista única para toda a Universidade, além do acompanhamento do aluno com critérios mínimos de vínculo acadêmico, desenvolvimento de métricas que permitam avaliar impactos do programa, auxílio em dinheiro para quem tem moradia estudantil e a possibilidade de acúmulo com uma bolsa acadêmica.
E, por fim, foi apresentada a Campanha USP contra o Assédio, lançada em agosto, com a distribuição de cartazes contendo frases tipicamente utilizadas em diferentes situações de discriminação para combater este problema entre a comunidade acadêmica e auxiliar os órgãos responsáveis por lidar com esses casos. O material da campanha pode ser acessado por este link.
No encerramento do encontro, a pró-reitora fez um balanço da missão da PRIP. “Não nos cabe mais dizer se queremos ou não enfrentar as questões que estão colocadas pela sociedade e que estão agrupadas na PRIP. Não temos mais como dizer que isso não nos diz respeito, porque nos diz respeito. Mas nos diz respeito dentro dessa tensão, que me parece a tensão do mundo contemporâneo, que é como lidar com a diversidade na universalidade. Esses desafios não são da Universidade, eles são do mundo, e nós não podemos nos furtar a eles. Nós podemos escolher a maneira como faremos, mas não podemos mais escolher se faremos ou não. Portanto, nós temos que usar das nossas competências, pensar, atuar, agir e nos transformar nessa perspectiva.”
Ela destacou, ainda, como essas temáticas estão sendo tratadas institucionalmente: “Para além das nossas ações, nós gostaríamos de consolidar as nossas políticas. Consolidar essas ações como políticas, e não intervenções pontuais em cima de problemas que são infinitos. É isso que caracteriza a ação da nossa Pró-Reitoria e é isso que caracteriza uma pró-reitoria em uma universidade pública. Nós temos que criar políticas institucionais e temos que nos furtar a soluções fáceis, que nos colocariam em posição de estabelecimento de arbítrios que definitivamente não são desejáveis, e isso tem que ser construído em parceria com a Universidade em suas diferentes dimensões e culturas, buscando um universal sem ter que abrir mão do que é específico”.
Novo aplicativo
Foi anunciada, no encontro, a criação de um novo aplicativo, que reunirá uma série de funcionalidades direcionadas à saúde mental da comunidade USP. O app está em fase final de desenvolvimento e estará disponível em breve. Nele, será possível acionar assistência emergencial ou informações e orientações de apoio ao cuidado pessoal, além da indicação de atividades esportivas, culturais e sociais e serviços públicos de interesse para a promoção de bem-estar e saúde mental dentro e fora da USP.
A iniciativa faz parte do programa Ecos e funcionará como um mapa de saúde mental e bem-estar na USP.
Assista, a seguir, à integra da sessão.