Livro discute a modernidade negra através do hip hop, ativismo e mudança social

O lançamento da obra ocorre nesta quinta-feira, 17, e acompanha debates sobre os 50 anos de hip hop e seu papel na formação de um modelo educacional político, engajado e emancipatório

 15/08/2023 - Publicado há 9 meses
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Lançamento do livro “Modernidade Negra: hip hop, ativismo, mudança social em Havana” acontece em meio às comemorações dos 50 anos do Hip-Hop – Foto: Reprodução/Prefeitura de Juiz de Fora

 

A Faculdade de Educação (FE) da USP promoverá nesta quinta-feira, 17, a cerimônia de lançamento do livro Modernidade Negra: hip hop, ativismo, mudança social em Havana, de Tanya Saunders, doutora em sociologia pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e especialista em África Diaspórica nas Américas e metodologias que utilizam a arte como ferramenta de mudança social. O evento terá lugar no Auditório da Casa de Cultura Japonesa, no campus da USP Butantã, das 19h30 às 22 horas. Não é necessário se inscrever previamente para participar.

Tanya Saunders – Foto: Arquivo Pessoal

O livro apresenta narrativas pretas cuírs, com base na Revolução do Haiti, especificamente na sociedade escravista de Cuba. A obra possibilita o debate de questões de gênero a partir de diálogos com produções teóricas, práxis sociais e artísticas caribenhas e estadunidenses de pessoas LGBTTQIA+ que, segundo o livro, são alvo de racialização. A produção está disponível neste link.

O evento acontece em meio às comemorações dos 50 anos de hip hop, buscando provocar o debate sobre a importância dessa cultura para a educação. Cristiane Correia Dias, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direito e Outras Legitimidades (Diversitas) da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, ativista da cultura hip hop e organizadora do evento na FE, procurou lideranças do movimento para inserir suas discussões dentro da academia. “Eu me conectei ao Negro Rauls e Zuruca, organizadores da Construção Nacional da Cultura hip hop – movimento criado em prol da formação de um decreto que garanta fomento para o hip hop, entregue ao Ministério da Cultura -, a fim de validarmos o evento dentro das comemorações nacionais e potencializar a cultura dentro da academia”. 

Cristiane Correia Dias – Foto: Lattes

A pesquisadora ressalta a importância dos campos de estudos com temáticas sobre o hip hop: o hip hop studies. “A partir da década de 1990, nos Estados Unidos, o hip hop passa a fazer parte do campo de estudos centrado nas relações humanas, com potência educacional”, afirma Cristiane, discorrendo sobre o hip hop como uma poderosa lente através da qual se pode compreender a vida social contemporânea, políticas culturais, a juventude urbana e os movimentos sociais artísticos. 

Ao Jornal da USP, Cristiane comenta sobre o movimento hip hop e a educação livre de preconceitos raciais. “Pensar a modernidade negra à luz da cultura hip hop na Faculdade de Educação é esperançar um novo devir para a educação, (re)pensando novas epistemologias que contribuam para uma educação política, engajada, emancipatória, portanto antirracista. A fim de (re)construir metodologias outras que façam avançar o campo de estudos denominado Pedagogia hip hop”.

Programação 

  • 19h30 – Abertura, com DJ Ninja e DJ Rooneyoyo
  • 19h45 – Mesa de debate com Tanya Saunders e convidadas 
  • 21 horas – Pocket Show – Boombeat
  • 21h30 – Encerramento com DJ AguiPer e sessão de autógrafos com Tanya Saunders

Um beat diferenciado

No dia 11 de agosto de 1973, há 50 anos, o hip hop estava nascendo no bairro Bronx, em Nova York. A iniciativa partiu da jamaicana Cindy Campbell, que decidiu chamar alguns amigos para comemorar sua festa de aniversário na data em questão.  O irmão de Cindy, Clive Campbell – conhecido como DJ Kool Herc -, estava responsável pela música, e inovou tocando os trechos mais fortes e instrumentais de canções de funk e soul da época, dando origem ao breakbeat do hip hop. 

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“A história da invenção, construção e visão do negócio de milhões que é a cultura hip hop se inicia através da visão empreendedora de uma mulher negra”, observa Cristiane. “Dado que existe o apagamento histórico de mulheres negras no mundo, vale ressaltar a importância de Cindy, assim como de outras mulheres que usaram o hip hop como forma de luta para sobreviver às opressões da época”, complementa. 

Em seguida, o estilo musical se espalhou pelo mundo, influenciando a música, a dança, a arte e a sociedade. No Brasil, o hip hop chega no início da década de 1980. A partir de referências americanas, grupos de break periféricos se reuniam na região central de São Paulo e criavam seus próprios passos e coreografias. Nelson Triunfo, considerado o pai do hip hop brasileiro, era um dos dançarinos de break que se destacavam. 

Os rappers usavam as músicas para expressar suas vivências nas periferias e denunciar as injustiças sociais. Na década de 1990, o rap se consolidou como um movimento cultural e político, que se misturou com o rock, o pop e o samba. Alguns dos artistas que se destacaram nesse período foram Marcelo D2, Sabotage, Rappin’ Hood, Emicida, Criolo, Dina Di, DJ Jamaika, GOG, DJ Markynhos (Smurphies), Karol Conká entre outros. No ano passado, o Senado dos EUA reconheceu o dia 11 de agosto como Dia Nacional de Celebração ao hip hop, tornando-o feriado nacional.

Livro “Modernidade Negra: hip hop, ativismo, mudança social em Havana” – Foto: Divulgação

 

Serviço:

Lançamento do livro Modernidade Negra: hip hop, ativismo, mudança social em Havana

Dia 17 de agosto, das 19h30 às 22 horas

Auditório da Casa de Cultura Japonesa, localizado na Av. Professor Lineu Prestes, 159

Mais informações: apoioacadfe@usp.br / 3091-3574

*Sob supervisão de Antonio Carlos Quinto


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