Nesta quinta-feira, 20, a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP promove um debate sobre racismo no mundo empresarial. O objetivo é discutir a discriminação racial no mundo empresarial propondo estratégias para fortalecer a representatividade negra nos cargos de gestão organizacional. O evento acontece a partir das 21h20, na sala A-5 da FEA.
O debate terá a presença de Pedro Jaime de Coelho Junior, doutor em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Ele á autor do livro – que carrega o mesmo título da sua tese – Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial, em que discute a manutenção do pensamento colonial nas estruturas de instituições públicas e privadas ligadas ao setor da administração. Coelho Junior também atribui ao movimento negro brasileiro o protagonsimo em pressionar o Estado a implementar políticas de ação afirmativa e reparos para a superação das desigualdades raciais. Sua tese de doutorado, disponível no Banco de Teses da USP, pode ser consultada neste link.
O debate também faz parte de um ciclo de palestras sobre diversidades, equidade e inclusão, sob a organização da Comissão de Inclusão e Pertencimento da FEA, atualmente dirigida pela docente Paula Peredas. Desigualdade de gênero no mercado de trabalho; gênero e sexualidade; neurodiversidade no ambiente acadêmico e ações afirmativas já foram temas de outras conversas. Os temas debatidos integram a disciplina eletiva em Gestão Inclusiva, sob a responsabilidade do docente André Luís Silva, do Departamento de Administração da faculdade. Qualquer pessoa pode participar das discussões, mesmo sem vínculo com as turmas.
Os conteúdos desenvolvidos na disciplina, de acordo com Silva, sinalizam as preocupações da faculdade em formar profissionais que lidem com tais temáticas no mercado profissional ou acadêmico. “Em mais de 75 anos de existência da FEA, ter na direção da faculdade duas mulheres reforça a abertura às diversidades como um caminho sem retorno, que veio para ficar”, reforça. “Formar novas gerações de gestores e gestoras com uma visão mais ampla das representatividades nas organizações é uma das nossas propostas”, acrescenta o professor, ao explicar a alta demanda na procura da disciplina, ofertada pela primeira vez neste semestre.
Além disso, segundo ele, a baixa representatividade de alguns grupos no mundo empresarial, sobretudo de lideranças negras, tem origem histórica. “Estamos em um país profundamente desigual, que insiste em reproduzir os privilégios da branquitude, e que hoje em dia se vê tensionado por medidas que visam a construir ambientes organizacionais mais igualitários”, diz. “Pensar na existência das ações afirmativas, embora seja legítimo, não consegue esgotar as problemáticas que cercam as questões de gênero, cor da pele, acessibilidade e inclusão”, complementa o docente. Ele menciona os riscos de tentar exaurir os problemas estruturais e institucionais nos processos seletivos de admissão somente pela atuação do profissional de Recursos Humanos.
Obra do pesquisador e professor Pedro Jaime pode ser adquirida pelo site da Edusp clicando aqui.
Saiba mais: andrelsilva@usp.br
