Ex-alunos da USP são destaque em “Irmandade”, série da Netflix

Produção conta com graduados na Escola de Comunicações e Artes da USP à frente e por trás das câmeras

 08/06/2022 - Publicado há 2 anos
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Fotomontagem com imagens de Marcos Santos/USP Imagens, Freepik e Divulgação/Netflix

 

A segunda temporada de Irmandade, produção original da Netflix Brasil, está disponível para assinantes da plataforma de streaming desde o dia 11 de maio. Ambientada em São Paulo, na década de 1990 — época marcada por sucessivas mudanças sociais, econômicas e políticas no País —, a série narra a trama de Cristina Ferreira, uma advogada honesta que retoma contato com o irmão, preso há 20 anos e líder de uma facção criminosa. A obra ficcional levanta discussões sobre o sistema carcerário brasileiro e a violência nas periferias, além de propor ao espectador uma reflexão sobre o conceito de justiça. 

Sucesso de audiência, a série também se destaca pela participação de ex-alunos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP na produção e no elenco dos episódios. É o caso de Pedro Morelli, idealizador da série, que ingressou no curso de Audiovisual da ECA em 2004. Desde então, Morelli se consolidou no mercado cinematográfico como diretor e roteirista de filmes e seriados. Seu currículo inclui obras como os longas-metragens Zoom (2015) e Entre Nós (2013), dirigido em parceria com seu pai, Paulo Morelli, e episódios das séries Cidade dos Homens (2002-2018), Rua Augusta (2018) e Contos do Edgar (2013).

Irmandade ainda conta com a colaboração de outros egressos da ECA. Felipe Sant’Angelo, graduado pelo antigo curso de Cinema e Vídeo em 2003, é roteirista-chefe do seriado. Outros trabalhos do cineasta são a roteirização das séries Cidade Invisível (2020) e Ninguém Tá Olhando (2019), ambas da Netflix. Sant’Angelo comanda a equipe da qual, dentre outros roteiristas, participa Iris Junges, formada em Audiovisual no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA. Para completar o time de ex-alunos da USP, a atriz Naruna Costa – formada pela Escola de Arte Dramática (EAD) da ECA em 2008 – interpreta a personagem principal e Carol Alckmin, graduada em Audiovisual, trabalhou como produtora executiva da primeira temporada da série.

Da esquerda para a direita: Pedro Morelli, diretor, acompanhado dos atores Hermila Guedes, Naruna Costa, Seu Jorge e Lee Taylor, que dão vida aos personagens Darlene, Cristina, Edson e Ivan, respectivamente – Foto: Divulgação/Netflix

 

“Esse é um trabalho que eu estou desenvolvendo há anos. Quando surgiu a ideia do projeto, eu comecei a escrever algumas coisas, chamei o Felipe (Sant’Angelo) para o time e cá estamos, duas temporadas depois”, conta o diretor Pedro Morelli. “A equipe foi muito bacana. Temos pessoas que estudaram na USP, algumas que eu já tinha até mesmo encontrado na Universidade. Existiu uma certa sintonia por virmos do mesmo lugar, termos o mesmo tipo de experiência.”

De acordo com Morelli, Naruna foi a primeira artista selecionada para o elenco de Irmandade. “Nós testamos várias atrizes para o papel da Cristina, mas, quando veio a Naruna, foi incrível: ela se encaixava perfeitamente naquilo que queríamos para a personagem. A partir daí, começamos a compor o restante do elenco, sempre buscando diversidade, tipos físicos variados para cada núcleo da série. Fiquei muito feliz com o resultado”, diz o cineasta. Em seguida, juntou-se à produção o ator Seu Jorge, que interpreta Edson, o irmão de Cristina Ferreira e líder da facção criminosa A Irmandade, que dá título ao seriado. Hermila Guedes, Lee Taylor, Pedro Wagner e Wesley Guimarães são outros nomes do elenco.

Em sua segunda temporada, Irmandade também contou com a participação especial de artistas de prestígio no rap nacional. Ice Blue, integrante dos Racionais MC’s, e Helião, Sandrão e DJ Cia – membros da formação original do grupo RZO – interpretam personagens importantes para o desenvolvimento da trama. “Desde a primeira temporada, nós sempre buscamos misturar no elenco atores com mais prática no audiovisual e atores que talvez não tivessem tanta experiência, mas que frequentavam o universo que nós estávamos retratando e, assim, traziam certa veracidade aos episódios”, explica Morelli. A situação se aplica aos convidados, todos músicos de destaque na cena do rap paulista dos anos 1990. “Foi uma delícia filmar com eles. A gente toca muitas músicas da época na série, e ter os artistas lá nos ajudou a criar links cada vez mais fortes entre a narrativa e a realidade. Nós tínhamos um roteiro e as falas, mas eles chegaram com mil sugestões. A intenção era essa mesma: ouvir as ideias deles.” 

O diretor diz que, para conferir autenticidade à trama, foi necessário um trabalho extenso de pesquisa — especialmente no que se refere às organizações criminosas, um dos pontos centrais do conflito presente na série. “Nós lemos livros e todo o material que encontramos sobre facções reais, e a partir disso criamos uma facção fictícia, que traduz os principais conceitos que surgiram quando nos debruçamos sobre o tema”, revela Morelli, que realizou entrevistas com policiais e ex-detentos. “Era um universo que eu não conhecia tão bem, então a pesquisa foi importante para que conseguíssemos narrar a história com um foco no assunto que a gente mais queria discutir — o conceito de justiça e suas diferentes definições.” 

Embora a terceira temporada de Irmandade ainda não tenha sido confirmada — “a decisão depende da Netflix”, explica Morelli —, o diretor transparece seu contentamento com a reação do público à mais recente leva de episódios lançada. “A segunda temporada foi muito bem recebida. Sentir o retorno do público é a parte mais gostosa do nosso trabalho. Você finalmente vê o que funcionou e o que não funcionou, lembra de cada escolha feita durante o processo e entende como aquilo que você queria falar foi traduzido em meio audiovisual e então digerido pelas pessoas. É um momento mágico”, finaliza.


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