As lições de 1968, importantes até hoje
Na série especial publicada – com artigos, textos e vídeos – desde finais de setembro, o “Jornal da USP” fez um balanço do meio século do ano que não terminou e precisa ser lembrado
“Excelente trabalho vocês fizeram. Acho que conseguiram abordar o período do lado dos conflitos políticos essenciais, mas vividos por seres humanos reais e seus dilemas, conflitos, desafios. Também tem fortes pitadas de emoção, afeto. Belo trabalho!”
Mensagem enviada a mim por Roberto Domenico Lajolo, engenheiro politécnico, entrevistado neste Especial sobre 1968
Mensagem enviada a Rosemeire Talamone, da Rádio USP de Ribeirão Preto, pelo professor aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP Marco Antonio Barbieri, preso e torturado em novembro de 1969
Bastariam essas duas mensagens para mostrar a relevância do Especial sobre 1968 que o Jornal da USP publica desde o início de outubro passado.
Se me permitem falar de mim, reproduzo palavras que proferi na abertura dos eventos de memória da Batalha da Maria Antonia, no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP, promovidos pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, no começo de outubro, a respeito da decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968:
“Fomos expulsos do Crusp, em 17 de dezembro de 1968, quatro dias depois do AI-5. A USP sofreu. Professores foram aposentados, acusados por seus pares conservadores. Alunos foram afastados pelo famigerado 477, muitos optaram pela militância política clandestina. Nos anos 70, os horizontes foram ficando a cada dia mais estreitos… Há importantes lições em 1968, úteis para hoje. O fundamental é que as arbitrariedades, as perseguições, a censura, a tortura e as mortes nunca mais se repitam.”
“As novas gerações precisam saber disso”, disse o reitor da USP, Vahan Agopyan, durante o lançamento da terceira edição de O Controle Ideológico na USP (1964-1978). O livro expõe as delações, perseguições e prisões de professores, estudantes e funcionários da USP ocorridas entre 1964 e 1978, durante a ditadura militar. A FFLCH também relançou os livros Maria Antonia, uma Rua na Contramão e Livro Branco Sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antonia – 2 e 3 de outubro de 1968 – todos inicialmente publicados na cinzenta década de 1970.
Esperamos que as 50 matérias, entre textos, áudios e vídeos, publicadas por este Especial sobre experiências pessoais, políticas, acadêmicas, livros e filmes a respeito de 1968, ajudem as gerações mais novas a conhecer melhor os acontecimentos de 1968 na USP, no Brasil e no mundo. Não somente elas, mas todos que têm responsabilidades no desenvolvimento e no fortalecimento da democracia no País.
À luz de sua história e diante desses desafios, a USP, com liberdade e autonomia, continuará sendo celeiro de mestres, profissionais, ideias e projetos para construir, no Brasil, uma sociedade democrática, dinâmica, justa, que deixe para trás os desequilíbrios sociais que tanto marcam a história do País.
Como sempre foi, apesar de todos os percalços que encontrou pelo caminho – e superou.
Luiz Roberto Serrano
Superintendente de Comunicação Social da USP
Na série especial publicada – com artigos, textos e vídeos – desde finais de setembro, o “Jornal da USP” fez um balanço do meio século do ano que não terminou e precisa ser lembrado
Em 17 de dezembro de 1968, tropas do Exército e agentes da Força Pública invadiram o Crusp e prenderam seus moradores
Livro traz depoimentos de professores que viveram o período mais sombrio dos anos de chumbo na Universidade
Elival da Silva Ramos é prof. titular de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da USP e superintendente jurídico da Reitoria da USP
Decretado há exatos 50 anos, o AI-5 deu fim às liberdades individuais, cassou mandatos políticos, instituiu a censura e sedimentou de vez a ditadura no País
Palavras do reitor da USP, Vahan Agopyan, no lançamento da nova edição do livro sobre a Universidade na ditadura militar
Na série especial publicada – com artigos, textos e vídeos – desde finais de setembro, o “Jornal da USP” fez um balanço do meio século do ano que não terminou e precisa ser lembrado
Livro traz depoimentos de professores que viveram o período mais sombrio dos anos de chumbo na Universidade
Decretado há exatos 50 anos, o AI-5 deu fim às liberdades individuais, cassou mandatos políticos, instituiu a censura e sedimentou de vez a ditadura no País
Palavras do reitor da USP, Vahan Agopyan, no lançamento da nova edição do livro sobre a Universidade na ditadura militar
Nos anos 60, Marco Antonio Barbieri viveu entre o estudo da medicina, o amor à arte e o medo da ditadura
Exibições começam nesta segunda-feira, dia 29, e vão até 2 de dezembro, com entrada grátis
Elival da Silva Ramos é prof. titular de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da USP e superintendente jurídico da Reitoria da USP
Há 50 anos, os Beatles lançavam o icônico “Álbum Branco”, trilhando o caminho sem volta da separação. Era o começo do fim dos “fab four”
Lançado em 1968, “2001: Uma Odisseia no Espaço” alimentou elucubrações sobre o significado do monolito, mas importante mesmo era o HAL 9000
Nicolau Bruno de Almeida Leonel é realizador de filmes e doutor pela Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP)
José Eli da Veiga é professor sênior de sustentabilidade na USP e em 1968, aos 20, foi presidente do grêmio estudantil de sua antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL-USP), com sede no prédio da rua Maria Antonia
Marcello Rollemberg é doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) e editor de Cultura do “Jornal da USP”
Colunistas
A mostra “Camadas: narratividades visuais da violência”, no Ceuma USP, revela os rastros da ditadura na política atual
Segundo o colunista, o papel dos cientistas é fundamentalmente o de contestar, mas com educação
Como estudantes, operários e intelectuais se manifestaram contra a ordem estabelecida, em Paris
O ano de 1968, cheio de protestos e passeatas, marcou o ingresso do jovem Renato Janine Ribeiro no curso de Filosofia na USP
A explosão estudantil daquele ano baseou-se nos princípios democráticos da Revolução Francesa e espalhou-se pelo mundo
A colunista homenageia Paula Beiguelman e todos os professores cassados pela ditadura com “Aquele Abraço”