“Nesta semana, completam-se 50 anos da promulgação do AI-5. O Ato Institucional nº 5, baixado no dia 13 de dezembro de 1968, suprimiu uma série de garantias individuais e marcou o período mais duro da ditadura militar no Brasil”, lembra Giselle Beiguelman em Ouvir Imagens, na Rádio USP (clique no player acima). “Já comentei em outras colunas as implicações desse ato na vida política do País. Mas hoje chamo a atenção para uma série de exposições em cartaz no Centro Universitário Maria Antonia que rememoram esse período.”
Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, destaca Camadas: narratividades visuais da violência, mostra do coletivo Lâmina, formado por Gabriela De Laurentis e João Mascaro. “A exposição tem curadoria de Ana Candida de Avelar. Reúne uma série de dispositivos de imagem, de diferentes épocas e distintos portes, com filmes, vídeos e fotos, todos em formato de projeção, relativos a momentos de violência nas manifestações de 2013.”
A exposição, segundo a professora, é interessante por apresentar um conjunto que mescla diferentes formatos e diferentes olhares, jogando com apropriações que incluem imagens produzidas pela própria polícia. “São, portanto, imagens da política, mas também rastros para pensarmos na política contemporânea das imagens. Inseridas em um lugar de memória tão forte como a Rua Maria Antonia, em uma data tão marcante, em meio a outras exposições que fazem referência direta a 1968, essa mostra do coletivo Lâmina ganha, obviamente, outras leituras e é impossível não se perder no tempo, confundindo-se sobre a época e lugar a que essas imagens se referem.” Nessa perspectiva, a exposição, na sua avaliação, “se converte em uma instalação imersiva, que dribla o olhar no compasso da memória”.
Para saber mais sobre o AI-5, a Rua Maria Antonia e a mostra Camadas: narratividades visuais da violência acesse: