O setor de alimentação fora do lar foi um dos que mais sofreram durante a pandemia, impactado especialmente pelo distanciamento social. Em 2023, contudo, bares e restaurantes começam a se reerguer e têm como aliados os feriados para melhorar o faturamento. Somente no segundo semestre, são comemoradas sete datas importantes em nível nacional, e os empresários do setor comemoram esse calendário festivo no Brasil.
Uma dessas datas foi o Dia dos Pais, que ajudou a aumentar o otimismo do setor. Sócio de uma cervejaria em Ribeirão Preto, Rodrigo Lago afirma que o feriado foi satisfatório. “A gente notou um aumento no movimento no Dia dos Pais porque nós fizemos um evento específico no domingo, um almoço para receber os pais, os filhos e os avós.”
Segundo pesquisa realizada em julho pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na região da Alta Mogiana, interior de São Paulo, 75% dos empresários do setor de alimentação fora do lar esperavam um aumento no faturamento em relação ao Dia dos Pais de 2022. Renato Munhoz, presidente da entidade, explica que “principalmente para alguns, que não abrem no almoço e acabam abrindo, têm um resultado de 100%, porque não tinham venda nesse dia e nesse horário. Aqueles que já operam com o almoço de sábado e domingo tinham uma expectativa de uns 30% de crescimento. Isso é muito importante, diante do que nós passamos em relação ao passado”.
O professor Edgard Monforte Merlo, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, observa que essa importância não é só no Dia dos Pais, mas que, de fato, essa data se destaca. “Em geral, os feriados acabam produzindo aumento no consumo do comércio e restaurantes. Agora, alguns feriados têm impacto maior, como é o caso do Dia dos Pais e do Dia das Mães, onde o aumento do consumo em bares e restaurantes com as famílias aumenta muito. As estimativas apontam que cerca de R$ 7 bilhões é o volume movimentado nesta data do Dia dos Pais.”
Cautela e otimismo
Se, por um lado, Munhoz acredita que as dificuldades enfrentadas por este setor nos últimos anos tenham ficado para trás, por outro, cobra mais apoio. Ele destaca que “a expectativa é de um
crescimento muito importante, mas o setor ainda sofre com muito prejuízo do passado. Em recente pesquisa, 40% do setor está com dívidas, impostos ou empréstimos bancários. Tudo isso tem dificultado os empresários, então a importância agora é que o governo nos olhe diferente, nos arrume linha de crédito e consiga parcelamentos com os impostos para que o setor sobreviva”.
Apesar do fim da pandemia e da sensação de normalidade, os números mostram que os bares e restaurantes ainda enfrentam dificuldades. Na mesma pesquisa de julho da Abrasel, 13% das empresas nesta área tiveram prejuízo no mês de junho. Contudo, o professor Merlo não acredita que esse cenário se repetirá na reta final deste ano. “A economia, aos poucos, vai se recuperando. Esses feriados e agora o segundo semestre, com a injeção do 13º salário, ajudam a consolidar essa recuperação”, projeta.
Merlo afirma que as expectativas “são positivas nesse sentido, o que é muito bom, pois a nossa economia está vindo num período muito ruim, de desemprego, e agora os indicadores de emprego estão melhorando”.
Empurrado por este otimismo, além de participar do setor que mais emprega em Ribeirão Preto, Rodrigo Lago já prepara sua cervejaria para as próximas datas especiais. Segundo ele, que é mestre cervejeiro, os feriados e datas comemorativas são diferenciados, já que “são dias de movimento especiais, fora do dia a dia do bar, do restaurante, pois dão oportunidade de realização de eventos temáticos, voltados para o dia comemorado”.
*Estagiário sob orientação de Ferraz Junior e edição de Rose Talamone
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